“Essa reparação é uma forma de reconhecer todas aquelas violações de diretos humanos que aconteceram contra essas pessoas durante o período da Ditadura Militar”, avaliou a deputada Eliane Novais (PSB), presidente da Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Casa.

A parlamentar socialista encampa o projeto de criar uma Comissão de Memória, Verdade e Justiça no Legislativo.  “A gente continua lutando pela criação da comissão especial. O presidente deputado Roberto Cláudio (PSB) é sensível a isso e vai implantar no Parlamento”, afirmou ela.

Ex-preso político, o professor Valter Pinheiro foi um dos agraciados pela reparação. Então militante Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR), Pinheiro foi preso 1971, foi torturado e demitido do emprego de professor. O deputado federal Chico Lopes (PCdoB-CE) também recebeu o certificado. Outros ex-perseguidos políticos agraciados foram Ester Barroso Pinheiro, Fátima da Fonseca, e Paulo Lincoln Matos.

De acordo com o secretario Paulo Abrão, existem 70 mil processos que relaram atos de perseguição política, demissão arbitrária, monitoramento ilegal, prisões e torturas sofridas contra cidadãos brasileiros no período do regime militar.    

“Nós temos agora a responsabilidade de virar para cada uma delas, pedir desculpas oficiais e diminuir as injustiças cometidas. Precisamos aprender e reconhecer esses erros para que eles não se repitam mais no futuro”, defendeu Abrão.

Para o coordenador Especial de Políticas Públicas dos Direitos Humanos do Estado do Ceará, Marcelo Uchoa, o mais importante da passagem da Caravana de Anistia pelo Ceará é ajudar a incentivar a abertura de novos processos de reparação. “Não só de reparações econômicas. Mas de reparações políticas”, disse.
Participaram ainda da cerimônia de abertura da Caravana o presidente da Associação 64/68 Anistia, jornalista Messias Pontes, o presidente do Comitê Cearense pela Memória, Verdade e Justiça, Mario Albuquerque e o senador Inácio Arruda (PCdoB-CE).

A programação segue até o dia 29 de agosto e inclui uma exposição fotográfica em cartaz no hall da Assembleia, exibição de filmes, sessões solenes, seminários e lançamentos de livros.

Processos

Preso, demitido e impedido por mais de três anos de exercer sua profissão, o jornalista Nazareno Albuquerque é uma das 50 pessoas com processo julgado durante a visita da Caravana da Anistia.  “A reparação, no meu caso, é por ter me deixado desempregado. Porque a reparação moral é intangível”, ponderou o jornalista.
DA/CG