Para o deputado Roberto Mesquita (Pros), a obrigação de ter que apresentar anualmente a declaração de Imposto de Renda faz com que o brasileiro reflita sobre o direcionamento dos recursos. “Geralmente essa reflexão é ruim, quando analisamos que temos uma carga tributária enorme, principalmente se é trabalhador assalariado, que tem os impostos retidos na fonte, e não vemos a boa aplicação desses recursos”, salienta o deputado.
O deputado Fernando Hugo (PP) lamenta que ainda faça parte do código de conduta do povo brasileiro deixar suas responsabilidades pré-programadas para a última hora. “É próprio da nossa gente esse tipo de comportamento, embora felizmente isso possa estar mudando como reflete o resultado do levantamento”, salienta. O parlamentar ressalta ainda que “analisando sob o prisma dos órgãos e institutos de controle, quanto mais tarde eles coletam essas informações, mais sobrecarregados ficam”.
Na avaliação do deputado Renato Roseno (Psol), licenciado, existem aspectos importantes que precisam ser levados em consideração para justificar o acentuado e significativo número de pessoas que deixam para realizar o procedimento no último momento. “Ninguém faz o pagamento dos impostos pensando no valor social que isso tem, pois é sempre um ato penoso. E ainda temos uma tabela de tributação no Brasil muito injusta, em que os super-ricos brasileiros proporcionalmente pagam menos impostos que os trabalhadores de renda média”, aponta o parlamentar.
Ainda segundo ele, é da cultura do brasileiro não se preparar, não fazer registros de gastos, não se planejar adequadamente do ponto de vista documental, mesmo sabendo que todo ano ele tem que fazer isso.
Já Ricardo Aquino Coimbra, professor do Centro Universitário 7 de Setembro (UNI7) e mestre em Economia, enxerga com otimismo a quantidade de pessoas que anteciparam o envio da declaração de Imposto de Renda, mas assinala que a cultura do brasileiro e a falta de uma educação financeira mais sólida fazem com que muitos tenham dificuldades ao realizar o processo.
“Ainda existem dificuldades enfrentadas por muitos brasileiros em relação ao próprio sistema de receita e aos controles pessoais de gastos e orçamentos, o que nos desafia a estimular um processo de educação financeira”, pontua o professor.
RG/AT