O deputado Renato Roseno (Psol), requerente da solenidade, destacou o Núcleo Tramas como projeto que busca alternativas na produção de uma riqueza que seja plural e justa no respeito e difusão dos diferentes saberes e, sobretudo, no convívio com a natureza.

“Nós queremos uma universidade que seja de fato pública, que ela não tenha muros, que ela não tenha portas, mas que ela tenha um conhecimento que se faça lá na terra, que o que se pisa nesse território seja impregnado por esse território, mas que, sobretudo, ela sirva à emancipação. Uma ciência que não sirva à emancipação das pessoas, que sirva simplesmente para a realização de patentes, ela não é uma ciência que sirva à nossa libertação e que projete uma nova humanidade”, defendeu o parlamentar.

Para a coordenadora do Núcleo Trabalho, Meio Ambiente e Saúde (Tramas), Raquel Rigoto, a homenagem tem um sentido ético e político de reafirmar a função social da universidade pública. “Essa homenagem é também um chamado a nós para refletirmos sobre essa universidade, para cuidarmos dela nesse momento em que o direito à educação tem sido submetido aos interesses de grandes corporações transnacionais, interessadas em vender serviços da educação muito afastados de um ideal de uma educação que considere o conhecimento como bem comum, que considere a produção de conhecimentos como uma forma de contribuir para o processo de humanização da vida, para a preservação da vida não só humana, como também de todos os outros seres”, enfatizou.

Já a representante da comunidade do Tomé, localizada na zona rural de Limoeiro do Norte, Socorro Oliveira, ressaltou a importância do Núcleo Tramas, principalmente, para a vida das mulheres de sua comunidade. “Quando algumas mulheres trabalhavam em empresas o dia inteiro, em pé, tendo apenas 15 minutos para almoçar ou ir ao banheiro, elas diziam: 'Não posso sair do meu trabalho; o trabalho é ruim, mas é minha sobrevivência'. E, hoje, essas mulheres não estão mais nessas empresas e continuam sobrevivendo. Esse trabalho do Tramas veio nos favorecer nisso e abrir as nossas mentes, nos mostrando que não precisamos ser escravas dos grandes empresários, que podemos ser autônomas e que podemos ter voz”, frisou.

Durante a solenidade, a coordenadora Raquel Rigoto recebeu placa comemorativa dos 20 anos de criação do Núcleo Trabalho, Meio Ambiente e Saúde (Tramas).

Participaram da sessão solene a pró-reitora de extensão da UFC, Márcia Machado; o professor de Direito Ambiental do Centro Universitário 7 de Setembro, João Alfredo; a coordenadora estadual do Movimento Sem Terra (MST), Lourdes Vicente; a representante da comunidade do Tomé, Socorro Oliveira; e a representante do Movimento Anti-Mineração e educanda do Projeto Juventudes do Campo, Francisca Tália Alves Morais.

BD/CG