Você está aqui: Início Últimas Notícias Estudo aponta que apesar da violência a percepção em geral da criança é de segurança
Para o deputado Renato Roseno (Psol), propositor da audiência publica, a atual sociedade é pautada pelo poder dos adultos. “Os maus-tratos às crianças, homicídios, extermínio, segregação e exclusão são fruto de profunda injustiça, marcas de um modelo civilizatório que não prioriza a relação entre as gerações, o cuidado com a primeira e última gerações. Nossa sociedade é adultocêntrica”, avaliou.
O Instituto Igarapé e a ONG Visão Mundial, idealizadores da pesquisa, informam que o estudo foi viabilizado por conta da falta de dados subjetivos sobre como a violência afeta o dia a dia das crianças e adolescentes e dificulta a implantação de ações e políticas de apoio e prevenção à violência no Brasil.
Segundo a assessora em proteção à infância da Visão Mundial, Karina Lira, uma das responsáveis pela pesquisa, os pesquisadores têm dificuldades de encontrar informações sobre formas de violência contra meninos e meninas. “No Brasil, não temos um sistema de informações que unifique diferentes tipos de notificações. Sabemos que há muitas subnotificações. É muito importante ouvir o que as crianças têm a dizer e como elas percebem a segurança e as formas de violência”, afirmou a pesquisadora.
Sobre a percepção de segurança dos entrevistados, o coordenador da Unicef no Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte, Rui Aguiar, acredita que o conceito demonstrado pelas crianças e adolescentes que se sentem seguros é o de “estar vivo, não necessariamente de estar sofrendo violência”.
Conforme a pesquisa, em Fortaleza, 71% dos entrevistados demonstraram “alta percepção de segurança”, enquanto 29% indicaram “média percepção”. “Em Fortaleza, foram mortos 450 adolescentes em 2015. Diante de dados tão graves, alguns entrevistados se sentem seguros e não percebem que a violência sofrida em casa tem a ver com o início de uma trajetória que pode pôr fim à vida de crianças e adolescentes”, alertou Rui Aguiar.
Para a superintendente da Rede Estadual da Primeira Infância, Luzia Laffite, as raízes da violência estão na primeira infância. Segundo ela, os índices de violência familiar são graves e não se tornam conhecidos, por isso, não têm grande fluxo de resolução. “Só chegam aos hospitais e conselhos casos graves de violência. Deixar a criança de castigo em cima do milho, bater na criança ou mesmo a violência psicológica e negligência também são casos de violência”.
A assistente social da Secretaria Municipal do Trabalho, Desenvolvimento Social e Combate à Fome (Setra), Érica Araújo, informa que a Pasta atende em seus equipamentos diversos casos de violência que acontecem no âmbito familiar, como casos de abuso sexual, violência física e psicológica. Érica citou a importância de articular as redes ligadas à proteção da infância e adolescência para mudar a cultura da violência.
Também participaram da audiência pública a secretária municipal de Assistência Social de Horizonte, Shirley Braga; o secretário municipal de Educação de Horizonte, Reginaldo Cavalcante Domingos; a presidente da Associação para o Desenvolvimento dos Municípios (APDMCE), Rosa Almeida, e a coordenadora do Fórum DCA, Mara Carneiro.
LF/AP