Antes mesmo do anúncio oficial de que o ex-presidente Lula assumirá o cargo de Ministro-Chefe da Casa Civil, no Governo Dilma Rousseff, deputados estaduais se revezaram na tribuna da Assembleia Legislativa para debater os desdobramentos da crise política brasileira. O tema, inclusive, monopolizou os discursos em plenário.
O deputado Roberto Mesquita (PSD) disse que o País está encarando a falência do seu modelo político, está à deriva e sem líderes capazes de conduzir o seu destino. “Vivemos um momento de completa desilusão e até falta de compreensão de algumas pessoas em relação ao cenário atual, pois temos até movimentos pedindo a volta da Ditadura Militar, o que só pode ser explicado pela falta de amparo sentido pela população”, enfatizou o deputado.
Roberto Mesquita avaliou ainda que “não há mais ambiente para a continuidade do mandato da presidente Dilma Rousseff, e o que agrava ainda mais a situação é que os seus sucessores naturais também estão envolvidos nas denúncias de corrupção, fazendo com que o povo assista ao desmanche das instituições democráticas”.
Doutora Silvana (PMDB) foi outra parlamentar que também lamentou o delicado momento da política nacional e a situação do País no cenário internacional. Ainda de acordo com a parlamentar, a presidente Dilma deveria renunciar ao mandato “se realmente tivesse amor ao País”.
“Estamos virando um vexame internacional, com um investigado pelo Ministério Público de São Paulo, o ex-presidente Lula, sendo indicado para um Ministério da República. Falta decência e respeito pelo país que ele próprio governou”, pontuou a peemedebista.
Sem opções
O deputado José Sarto (PDT) apontou que há uma carência de estadistas. “O País se ressente de pessoas que tenham sentimento público e da falta de um projeto para a Nação. Não existem vestais, nem salvadores da pátria. Quem defende isso está induzindo pessoas ao erro. O mundo está dando uma guinada à direita. Nos Estados Unidos e na Alemanha, as pessoas estão seduzidas por discursos conservadores. Política não é time de futebol.”
O peemedebista Lucílvio Girão considerou que a situação é difícil para o País. “A classe média baixa, que elegeu o PT, está sofrendo. Tudo está caro, prejudicando a população. Quando faço a feira, vejo que sobe tudo toda semana”, assinalou.
Conspiração
Já o deputado Ferreira Aragão (PDT) manifestou preocupação com a atual situação política e econômica do País. Segundo o parlamentar, a Petrobras, além dos escândalos de corrupção, tem sido vítima de uma conspiração comandada por movimentos internacionais interessados na desvalorização da companhia.
De acordo com o pedetista, “após a descoberta das riquezas do pré-sal e as projeções de que, daqui a 40 anos, o Brasil seria uma grande potência econômica, grupos internacionais arrumaram um jeito de quebrar a Petrobras”.
Terceira via
Outro que usou a tribuna para comentar o momento político nacional foi o deputado Renato Roseno (Psol). O parlamentar defendeu uma terceira via, para que o País saia da polarização entre o Governo petista e a oposição conservadora comandada pelo DEM e PSDB.
Segundo ele, há um sentimento generalizado de desalento na população brasileira em relação à esfera política. “Por mais que queiram os defensores do Governo diminuir a intensidade desse sentimento, a repulsa contra a concentração de riqueza e de poder que vem sendo promovida só aumenta”.
O parlamentar acrescenta que a falta de autocrítica do Governo sobre o que foi feito de errado só aumenta a descrença da população. “Há no País nove milhões de desempregados. Há várias famílias da mesma rua, em diversos bairros de Fortaleza, que estão desempregadas. A taxa de desemprego dos 16 aos 24 anos já é o triplo das demais faixas etárias. A crise política é abastecida pela crise econômica. As medidas que poderiam devolver o crescimento econômico não são adotadas. E os que querem apear Dilma do poder pretendem adotar medidas recessivas. Estamos no pior dos mundos, vivenciando duas crises gravíssimas”, acrescentou.