Audiência pública realizada pela Comissão de Desenvolvimento Regional, Recursos Hídricos Minas e Pesca
Foto: Dário Gabriel
A exploração da água subterrânea foi um dos temas da audiência pública que discutiu também o Mapeamento Hidrogeológico do Estado e sua contribuição na definição de áreas propícias à perfuração de poços, na tarde desta segunda-feira (09/06), na Comissão de Desenvolvimento Regional, Recursos Hídricos Minas e Pesca. “A política de perfuração de poços precisa estar mais unida aos conhecimentos técnicos”, justificou o deputado Dedé Teixeira (PT), propositor da discussão.
O professor e coordenador do Laboratório de Hidrogeologia da UFC, Itabaraci Cavalcante, explicou que existem 20 mil poços cadastrados no Ceará, e é possível que metade não esteja sendo usado. Segundo ele, o sul do Estado tem bom potencial para exploração de água subterrânea, mas é fundamental mapear os locais e os potenciais dos poços de cada região.
De acordo com Itabaraci, a maior parte das águas subterrâneas do Ceará está a partir de 20 metros de profundidade, por isso as fontes poluidoras chegam facilmente às águas subterrâneas. Outro fato que colabora para a poluição está relacionado ao uso e ocupação do solo, que pode gerar problemas de contaminação da água.
O coordenador do Laboratório de Geofísica da UFC, Mariano Coelho Castelo Branco, afirmou que o Ceará tem profissionais qualificados para realizar o mapeamento, mas falta alinhar melhor as políticas públicas para colocá-lo em prática. Segundo ele, muitas vezes, só se fala em água subterrânea em momento de seca. Para o pesquisador, faltam informações, e também a qualidade das informações que existem é questionável. Ele alertou ainda que “os recursos hídricos subterrâneos serão a tônica nos próximos anos”.
O superintendente da Sohidra, Leão Humberto Montezuma, explicou que a demanda por poços no Ceará é desproporcional à capacidade de atender essa necessidade. Ele disse que o Ceará tem 11 perfuratrizes, mas a população demanda, por ano, a perfuração de três mil poços.
Ney Barros, coordenador estadual do Dnocs, declarou que existem mais de 1.300 solicitações de perfuração de poços e que o Dnocs possui apenas três perfuratrizes. Ney Barros ressaltou ainda que é preciso estudar a situação de alguns municípios que fazem parte de perímetros irrigados, pois estariam secando e já precisariam de poços para salvar as plantações locais.
O vice-presidente da Associação Profissional dos Geólogos do Ceará (Apgce), Enéas Lousada, ressaltou que esse assunto é tratado de forma emergencial e que é difícil que as melhores soluções saiam dessa forma. Ele criticou o fato de ainda ser necessário abastecer cidades com carros-pipa, pois já existem tecnologias que poderiam amenizar os efeitos da estiagem.
Também participou da audiência o deputado Lula Morais (PCdoB). O pedido da audiência foi subscrito pelos deputados Neto Nunes (PMDB), Thiago Campelo (SDD), Sineval Roque (Pros) e Professor Pinheiro (PT).
JM/LF