Você está aqui: Início Últimas Notícias WebConecta discute políticas públicas de redução dos efeitos da crise climática
Suely Chacon, que possui mestrado em Economia Rural pela Universidade Federal do Ceará e doutorado em Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de Brasília, destacou a necessidade de trabalhar a desigualdade em todas as suas dimensões, e não somente a econômica. Segundo ela, as desigualdades – que são multifatoriais e levam em conta questões como raça, gênero e território – têm grande influência na questão das mudanças climáticas.
Ela apontou alguns dados preocupantes relacionados às questões ambientais, como a crescente poluição dos oceanos com plástico e a perspectiva de que a Amazônia deixe de ser uma floresta tropical nos próximos 15 anos, caso nada seja feito. Também pontuou problemas relacionados à questão social, como a existência de 33,1 milhões de brasileiros passando fome, cuja maioria é formada por mulheres, jovens e crianças pretas.
Suely Chacon explicou que a crise ambiental atual deve-se ao crescimento do mundo de forma desordenada, com base nos preceitos da economia e deixando de lado questões sociais e ambientais. “Esse modelo se mostra claramente incapaz de incluir pessoas no processo de melhoria da vida de todos. A humanidade evoluiu, com tecnologias capazes de criar soluções maravilhosas para todos, mas o que esse sistema vem produzindo é exclusão social, que acaba se refletindo em como a gente lida com o meio ambiente, e isso se traduz na crise ambiental que estamos vivendo”, avaliou.
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
De acordo com a pesquisadora, o desenvolvimento sustentável propõe uma discussão sobre a transformação do estilo de vida no planeta baseada nas conexões entre as dimensões econômicas, sociais e ambientais. Esses três pilares, conforme Suely, são trabalhados desde 1987, quando foram apresentados ao mundo pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Para Suely, no entanto, é preciso acrescentar um pilar ao conceito de desenvolvimento sustentável: a dimensão institucional e política. “Para mexer nas questões econômicas, sociais e ambientais, precisamos de decisão política, fazer escolhas políticas e ter instituições organizadas para pensar sustentabilidade. Quando a gente traz uma discussão dessa para a Assembleia Legislativa, a gente está criando o espaço e a condição para discutir novas possibilidades de organização da própria vida”, assinalou.
Na avaliação de Suely Chacon, a discussão sobre políticas públicas relacionadas ao desenvolvimento sustentável não pode ser somente dos governos, mas da sociedade como um todo – o que inclui a sociedade civil organizada, ONGs e grandes empresas. “Essa é uma questão coletiva, e a gente precisa pensar coletivamente”, frisou.
A professora também observou que o não reconhecimento do trabalho da sociedade civil organizada como política pública impossibilita a avaliação dessas políticas. “É preciso reconhecer que existem outros atores implementando políticas públicas, inclusive porque a gente precisa avaliar essas políticas para entender qual é o resultado delas para a sociedade”, explicou.
POSSÍVEIS SOLUÇÕES
Suely Chacon reiterou que a transformação social só acontece no coletivo e ressaltou a importância do intercâmbio de saberes nas reuniões internacionais sobre desenvolvimento sustentável e mudanças climáticas. “A ciência precisa estar aliada aos saberes das pessoas, das comunidades tradicionais, de quem está vivendo o problema e percebendo, no dia a dia, o que está acontecendo”, pontuou.
Entre as possíveis soluções para a crise climática, a pesquisadora apontou a adoção de energias alternativas, como as energias fotovoltaica e eólica, e de tecnologias sociais, a exemplo de barragens subterrâneas e banco de sementes. “As tecnologias sociais são ações locais que podem representar uma transformação na comunidade”, explicou. Suely indicou ainda a agricultura familiar, a economia circular e o combate ao trabalho escravo e infantil como exemplos de promoção do desenvolvimento sustentável.
Também participaram do debate a engenheira ambiental e articuladora do Comitê de Responsabilidade Social (CRS) da Alece, Amanda Melo; a controladora da Alece, Sílvia Helena Correia, e o engenheiro ambiental e assessor técnico da Célula de Sustentabilidade e Gestão Ambiental do CRS, Yuri Passos.
BD/CG