A publicação – que faz referência a várias passagens da vida do Padre Haroldo, desde a militância nas comunidades eclesiais de base até os oito anos de exílio na França, passando pela sua ligação com o bairro Pirambu – está disponível no site da Alece.

O secretário de Meio Ambiente do Estado do Ceará (Sema), Artur Bruno, lembrou a época em que se filiou ao Partido dos Trabalhadores, em 1986, mesmo ano em que Padre Haroldo se candidatou a governador pelo partido, com o lema “Bote fé”. “Um homem realmente muito engajado, corajoso, ousado. Com certeza, a leitura do livro vai fazer com que a população conheça melhor os detalhes da vida espiritual, política, social do Padre Haroldo”, destacou.

A historiadora e professora Dora Gadelha, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE – Campus Fortaleza), comentou sobre a relação que o padre mantinha com os estudantes do curso de História da Universidade Estadual do Ceará (Uece). “Ele teve uma importância imensa para todos nós: nos ensinou, motivou e nos fez pensar a história do País de forma crítica e intensa”, frisou. Ela compartilhou ainda que Padre Haroldo era escolhido para celebrar os casamentos dos alunos. “Sabíamos que naquele momento estaria presente também a utopia de um novo mundo, da transformação social”, contou.

Já Aluisio Cavalcante Júnior, professor de Química no Colégio Santa Cecília, ressaltou a autenticidade de Padre Haroldo e falou sobre seu legado ao ensinar o significado das revoluções, da palavra justiça e de não apenas seguir um Deus, mas colocar esse Deus na prática. “Padre Haroldo é mais do que uma biografia, Padre Haroldo é um caminho. Esse livro é muito bonito e pode nos mostrar caminhos para resgatar esse sonho de um mundo mais justo, mais humano e, por que não dizer, mais parecido com esse projeto de fé em que a gente acredita”, projetou.

REBELDIA E LUTA

Segundo o professor e historiador Evaldo Lima, um dos autores da obra, a história de Padre Haroldo dialoga com as lutas de Padre Júlio Lancellotti, Dom Fragoso, Padre Hélio e Dom Aloísio Lorscheider, entre tantos outros. “Padre Haroldo está em cada ocupação dos trabalhadores sem terra e na luta dos sem teto do Pirambu, de Fortaleza, na luta da população de rua, na luta dos 31 milhões de pessoas que, nesse momento, passam fome em nosso País tão desigual”, acentuou, pontuando que Padre Haroldo é “rebeldia” e “crença de que vale a pena sonhar e lutar”.

Também autor da obra, o professor e historiador Nonato Nogueira relatou diversas passagens curiosas da vida de Padre Haroldo, como a vez em que o religioso resolveu tirar as imagens da igreja e mandar pintar a bandeira da América Latina, com a imagem de um camponês crucificado. “Essas questões eram próprias do Padre Haroldo. É tanto que, quando iniciamos o livro, passamos a falar da figura do Jorge Amado, que teve seus livros destruídos pela Ditadura Vargas e foi um deputado do Partido Comunista e, de repente, foi um grande influenciador do Padre Haroldo”, comentou.

Ex-prefeita de Fortaleza, Maria Luiza Fontenele assinalou que a homenagem ao Padre Haroldo deve ser não só pelo que ele representou em toda a sua experiência de luta, mas também pelo que ele deixou de legado para a igreja local no que diz respeito à Teologia da Libertação. “Num ato que nós fizemos para Rosa (da Fonseca), o Padre Marcos, redentorista, disse: ‘não traga aqui a Bíblia, traga os ensinamentos deixados pelo Dom Aloísio Lorscheider e Padre Haroldo’”, recordou.

O diretor executivo do Inesp, João Milton Cunha de Miranda salientou a importância da obra dedicada a contar a biografia de Padre Haroldo e prestou homenagem à professora Rosa da Fonseca, que faleceu no último dia 1º de junho. “Gostaria de dedicar essa noite não só à memória de Padre Haroldo, como também a uma saudade muito grande, que todos nós temos, da professora Rosa da Fonseca”, comentou.

BD/CG