O livro “Ruth Cavalcante nos caminhos da educação libertadora”, lançado pelo Instituto de Estudos e Pesquisas para o Desenvolvimento do Estado do Ceará (Inesp) da Alece, é resultado da pesquisa de mestrado de Erbênia Girão na Faculdade de Educação da Universidade Federal do Ceará (UFC). A publicação está disponível no site da Alece.

O livro é dividido em capítulos que cobrem um período de 1943 a 1980 na vida de Ruth Cavalcante. São abordados aspectos da infância, adolescência, entrada nos grupos da Igreja Católica, início da graduação em Pedagogia, envolvimento com as ideias de Paulo Freire, com os movimentos pela educação e com a Ação Popular (AP). Também fazem parte da obra relatos sobre sua primeira prisão no Congresso da UNE; a segunda prisão, na UFC; o exílio, em que passou por Chile e Alemanha, e o retorno para o Brasil.

O presidente do Inesp, João Milton Cunha de Miranda, enalteceu a obra e o trabalho que apresenta a importante personalidade de Ruth Cavalcante, suas contribuições, militância nos direitos humanos, na educação, na educação inclusiva em uma trajetória iluminada e reconhecida.

A autora do livro, Erbênia Girão, comentou que a obra de Ruth Cavalcante não se encerra com o recorte da sua pesquisa. Ela afirma que ainda há muito a ser mostrado e pesquisado na trajetória de pioneirismo dessa mulher, que foi a primeira presa política da ditadura no Ceará, desbravadora também da educação inclusiva e da educação biocêntrica.

Durante sua fala no evento de lançamento, Erbênia agradeceu a dedicação de todos que colaboraram com a pesquisa e a permitiram entender o percurso de vida, toda a carga histórica e de vivência da protagonista da pesquisa e do livro.

LIÇOES DE LIBERDADE E EDUCAÇÃO

Ruth Cavalcante agradeceu aos presentes no encontro, que, apontou, considera um ato político, com a abertura da Casa do Povo aos cidadãos. A educadora destacou a importância da democracia conquistada a grande custo e a necessidade de que ela seja permanentemente cuidada e construída, especialmente em momentos de grande risco, como o atual.

Ela agradeceu pela pesquisa e pelo livro, apontando, no entanto, que não é ela que está sendo destacada, mas a coragem da mulher cearense em defender a vida. Para Ruth, é necessário que as histórias das mulheres sejam contadas para serem referências. Ela afirmou se sentir representando as educadoras, as mulheres que lutaram contra a ditadura, as mães.

Rememorando sua atuação, Ruth Cavalcante destacou a importância de Paulo Freire como seu grande eixo de educação, educador que precisa ser continuamente vivenciado pela lição de liberdade que apresenta.

O professor doutor Auri de Andrade, da Faculdade de Educação da UFC, orientador da pesquisa da autora Erbênia Girão, comentou o processo de trabalho que definiu como “riquíssimo” e que dá destaque à história de uma mulher cearense, sua coragem, sonhos, realizações.

Auri de Andrade afirmou que o livro apresenta uma professora militante, ou militante professora, que se lançou ao trabalho de alfabetizar, levar educação às pessoas usando a tecnologia do seu tempo, que era o rádio. Tal missão, que dialoga com o princípio de liberdade, foi considerado subversivo pela ditadura militar, o que a fez enfrentar a prisão e o exílio, afirmou.

Nesse sentido, o professor convida à leitura da obra que mostra um exemplo da luta da mulher cearense, afirmando que a história do Ceará também passa por Ruth Cavalcante.

SA/CG