Apesar de ser um governo marcado pela idealização de grandes obras, a gestão estadual que se encerra no dia 31 de dezembro de 2014 deixará uma série de empreendimentos a serem tocados pelo próximo governador. A questão é que nem todos os quatro candidatos que disputam a vaga hoje ocupada por Cid Gomes (PROS) concordam com algumas obras que serão herdadas da atual administração pública, afirmando que, caso eleitos, vão repensar a continuação desses projetos. O senador Eunício Oliveira (PMDB), que foi aliado da gestão Cid Gomes por sete anos, hoje o principal adversário do Governo, evita antecipar quais obras remanescentes do atual governo ele terminaria, mas tece críticas a algumas das propostas. "Podem ser obras que não eram prioridades, mas obviamente eu sou responsável. Tenho que dar continuidade e concluir essas obras", enfatiza. Sobre o polêmico Acquario, Eunício aponta: "Essa jamais seria uma prioridade em relação à seca, mas eu tenho que concluir essa obra se ficar para ser finalizada". No tocante ao projeto do Parque Praia Mansa, Eunício Oliveira demonstra ser contra tocar a obra. "Essa licitação não vai dar para começar a obra antes de terminar o Governo e, se não tiver começado, obviamente que vou cancelar e dar prioridade a outras coisas que são mais importantes, como saúde e educação", promete. Eunício Oliveira, desde o início da campanha, tem feito críticas à gestão atual, também por conta de grandes projetos que ele entende desnecessários, em razão das dificuldades da população interiorana. No seu discurso, ele tem enfatizado que sua prioridade será o povo. Avançar Encabeçando a candidatura da situação, Camilo Santana (PT) reforça o compromisso com as ações iniciadas pelo governador Cid Gomes. "Faço parte deste projeto e assumo o compromisso não só de dar continuidade, mas avançar nessas obras tão importantes para os cearenses, como o Metrô de Fortaleza, o VLT, a Ponte Estaiada, todos na área de mobilidade urbana", respondeu o petista via e-mail. Camilo Santana também frisou seu compromisso com a bandeira pela Refinaria Premium II, amplamente cobrada pelos deputados cearenses, mas sem previsão de ser instalada no Estado. "Este é um projeto transformador da realidade econômica e ao qual vou dedicar meu esforço e minha vontade política, assim como tem sido feito por Cid Gomes durante seu governo", responde o petista em relação ao empreendimento que só depende do Governo Federal. Em relação a alguns projetos que receberam críticas de opositores, Santana mantém o discurso de que vai continuar os empreendimentos, caso eleito. "O Acquario Ceará é um projeto que vem ao encontro do imenso potencial econômico que o turismo tem no Ceará e especialmente em Fortaleza", alega. "A Ponte Estaiada é um projeto que recebe recursos do PAC e tem tanto um caráter de mobilidade urbana quanto turístico", acrescenta o candidato. O postulante a governador pelo PSOL, Ailton Lopes, tem se posicionado de forma crítica a várias propostas idealizadas por Cid. "O nosso compromisso é com o povo. Muitas vezes, um investimento enorme do Estado poderia ser dirigido para as políticas sociais", pondera. "Se não traz benefícios para a população, (a obra) tem de ser revista", acrescenta. Tarifa Ailton Lopes defende que os investimentos para concluir todas as linhas do metrô de Fortaleza (Metrofor) devem ser uma prioridade da gestão. "Já há o trecho original previsto, mas precisa funcionar normalmente e com preço acessível para a população", destaca, propondo a implantação de tarifa zero para desempregados e estudantes. Já em relação ao Acquario Ceará, Ailton Lopes enfatiza que é contra a obra e não daria continuidade ao projeto, caso se tornasse governador. "Não vamos investir recursos nessa área. O que posso dizer é isso. Em vez de fazer investimentos em grandes obras, vamos realocar para outras áreas", avisa. No que se refere ao Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), proposta na área de mobilidade urbana, o pleiteante do PSOL apoia que seja estudado "caso a caso" para avaliar as necessidades de cada local assim como os impactos às comunidades que podem ser removidas para a conclusão do projeto. "Não se pode dizer que vai oferecer habitação popular e despejar as pessoas de onde elas moravam. Tem que considerar o impacto ambiental, temos essas diretrizes que vão balizar nossa atuação", diz. Já a deputada estadual Eliane Novais, candidata do PSB, afirma que, se chegar a ser eleita, criará uma comissão técnica para emitir parecer sobre as principais obras do Estado. A equipe seria um desdobramento do conselho político criado para pensar os principais pontos do plano de governo da sua candidatura. "A questão de concordar ou não com determinada obra não é tão simples porque algumas já estão em andamento", frisa. "Se fosse no meu Governo, não teria feito essas obras extravagantes, mas não posso dizer que não vou fazer", complementa. Ela garante que, depois da análise da comissão técnica, essas questões seriam estendidas à sociedade por consulta popular. Embora pondere que não pode se antecipar para definir ao que daria ou não continuidade, Eliane Novais se mostra contra a realização de algumas obras idealizadas pela atual gestão.