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Quinta, 03 Outubro 2013 06:52

Coluna Política

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  O último suspiro da ex-potência do Ceará Faz apenas dois anos que o PSDB tinha uma das maiores bancadas na Assembleia Legislativa e o maior número de prefeitos no Ceará. No começo de outubro de 2011, começou o processo de sangria desatada, com migração em massa para o PSD. Naquela época, conversei com o então presidente nacional tucano, Sérgio Guerra, que justificou a situação como “ataque especulativo da família Gomes” ao PSDB do Ceará. Aquele foi o marco do fim de uma era cujo estágio praticamente terminal se consuma agora. Em dois anos, o maior partido do Ceará se viu reduzido a só um deputado estadual. Impressiona que o partido que deteve a hegemonia completa da política cearense durante 16 anos tenha minguado de forma quase absoluta de forma tão rápida. Mas não é tão surpreendente quando se considera que, no intervalo de cinco dias, o PSB passou de potência hegemônica a nanico esquálido no Ceará, enquanto o recém-criado teve o mais vertiginoso crescimento observado na história política estadual – aliás, difícil de encontrar precedente similar em qualquer parte do País. Da mesma forma, aliás, como o PSB inchou subitamente há oito anos, quando os Ferreira Gomes se filiaram e levaram a tiracolo uma penca de prefeitos do PPS – que também encolheu até a quase insignificância. Essa oscilação de partidos que se tornam supermáquinas de voto e, no minuto seguinte, veem-se lançado em desoladora aridez de quadros políticos é sintoma de um sistema distorcido, movido pelo fisiologismo. Não pode ser saudável. No programa Roda Viva de segunda-feira, o governador Cid Gomes (PSB) deixou claro que o que o move na vida partidária não é a ideologia, mas a compreensão da legenda como espaço de organização. Legítimo, mas não pode haver falta de princípios e identidade partidária, inversamente proporcional ao apego ao poder. Afinal, as oscilações são movidas pelo desejo de adesão ao governismo. SEM “OPORTUNISTAS”, NÃO SOBROU PRATICAMENTE NADANo dia em que Cid Gomes foi eleito governador, em outubro de 2006, entrevistei Tasso Jereissati na fila da votação. Naquele dia, foi sacramentada a derrota de Lúcio Alcântara e, com isso, o fim de duas décadas do PSDB no Governo do Estado. O então senador, rompido com Lúcio, não moveu uma palha a favor do candidato do seu partido. Questionei-o sobre as perspectivas para o partido diante da saída do poder. Ele respondeu que haveria um aspecto positivo: ao longo dos anos de governo, muitos oportunistas se aproximaram, segundo ele. Uma vez desalojado do Palácio, ele previa que tais oportunistas iriam debandar e só ficariam aqueles que realmente tivessem compromisso com o PSDB. Pois bem, os tempos de potência tiveram sobrevida em função da adesão ao governo Cid Gomes durante os primeiros anos. Porém, após o rompimento, o processo que o ex-senador previra se concretizou. Ele talvez só não esperasse que fossem tantos os oportunistas e tão poucos os realmente compromissados. Agora, por sobrevivência política, vão-se alguns dos últimos remanescentes. Marcos Cals era secretário de Cid em 2010, mas, meses após deixar o governo, lançou-se candidato de oposição à administração à qual pertencera. No ano passado, ele concorreu a prefeito tendo como candidato a vice o deputado Fernando Hugo, outro que também está de saída. Em 2011, quando a maioria de seus ex-colegas trocou de partido, Hugo protestou: “Tasso Jereissati foi traiçoeiramente apunhalado pelas costas pelos Judas Iscariotes que estão no poder”. Justificou a decisão de agora pela necessidade de “preservação e sobrevivência da minha vida política”. Em 14 de maio de 2011, escrevi que Tasso tinha pela frente o que julguei como talvez “o mais difícil desafio de sua vida política”, que seria garantir a continuidade de seu legado e evitar que ele fosse dizimado. Agora, a força política que acumulou como patrimônio, como organização partidária, encontra-se em frangalhos. Flerta com a inexistência. Precisará ser praticamente recriado, reconstruído.
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