Segundo o parlamentar, o governador recebeu pessoalmente aqueles que reivindicavam melhorias salariais, sem sair do seu papel institucional.
“É algo delicado e sutil confundir o papel de uma pessoa com liderança política que exerce mandato do papel institucional representado, mas o governador Camilo conseguiu fazer isso sem destruir a cultura institucional, o que tem um grande valor na cultura republicana e democrática”, avaliou Salmito.
Para ele, todo o processo de negociação foi marcado por muito diálogo, conduzido pelo governador Camilo, que ouviu deputados de oposição e todos aqueles que reivindicavam melhorias salariais. “Ele não só ouviu, mas conseguiu pactuar e construir um acordo”, enfatizou o deputado.
Ainda de acordo com Salmito, o Poder Legislativo do Estado teve um papel muito importante em toda a negociação. “O presidente Sarto, com equilíbrio, sem precipitações ou arroubos, foi cuidadoso e ajudou na mediação desse processo”, salientou. “A Casa apoiou o diálogo com o Governo do Estado e, sobretudo, contribuiu com a sociedade, que é o compromisso maior do Parlamento”.
O deputado ressaltou ainda que, apesar da felicidade com a solução encontrada para resolver o problema dos motins dos militares, as 241 vidas perdidas nesse período não podem ser esquecidas.
Salmito repudiou ainda as declarações do diretor da Força Nacional, coronel Antônio Aginaldo de Oliveira, que chamou os policiais amotinados de “gigantes” e “corajosos”. “Uma fala dessa é criminosa e inadmissível, pois joga gasolina na questão, fortalece e legitima algo ilegal”, criticou.
Em aparte, o deputado Delegado Cavalcante (PSL) tentou esclarecer o posicionamento do diretor da Força Nacional. “Defendo o coronel Aginaldo, que é um homem acreditado pela tropa e que se utilizou do psicológico dos policiais para levantar os ânimos. Ele tem responsabilidade, estava na comissão de negociação, foi lá para o quartel e viu que o clima estava pesado, pois mais de 90% dos amotinados não queriam aceitar a proposta do Governo”, relatou Delegado Cavalcante.
O deputado Tin Gomes (PDT) considerou que o que houve no Ceará nos últimos dias foi uma guerra. “O que aconteceu foi uma tragédia, e guerra não se comemora. Precisamos de coragem para dizer que, por uma reivindicação da polícia, não se pode sitiar um estado, matando pessoas, já que não havia necessidade dessa guerra”, lamentou Tin Gomes.
Já o deputado Carlos Felipe (PCdoB) avaliou que o presidente da República, Jair Bolsonaro, foi extremamente infeliz em sua declaração sobre a responsabilidade do Governo do Estado na questão da segurança pública. “O povo cearense recebeu com profunda tristeza a fala do presidente, quando demonstrou desprezo e desrespeito com o Ceará ao dizer que responsabilidade da segurança era exclusiva do governador Camilo”, pontuou o deputado.
RG/LF