Eduardo Bolsonaro teria afirmado que, caso a esquerda brasileira radicalizasse ao mesmo nível do Chile e da Argentina, o Governo Federal precisaria dar uma resposta e ela viria na forma de um novo AI-5.
Evandro Leitão recordou o que representou o Ato Institucional n° 5 e os impactos causados na sociedade. “O AI-5 foi um artifício da ditadura, na época do então presidente Costa e Silva, que deu poderes totalitários, fechou o Congresso, caçou mandatos, nomeou interventores e implantou até mesmo toque de recolher”, lembrou.
O parlamentar classificou a fala do deputado federal como “desastrosa” e “inconcebível”, uma vez que, além de deputado, Eduardo Bolsonaro é líder do PSL e filho do presidente da República. “Se espera responsabilidade, sabedoria, prudência e maturidade de um parlamentar, ainda mais sendo filho de um presidente e líder do seu partido. Ele não tem o menor preparo ou qualificação para o cargo e ainda tinha pretensão de ser embaixador do nosso País nos Estados Unidos. Me parece que acorda todos os dias pensando qual a besteira que irá falar naquele dia”, avaliou.
Para o deputado, a declaração teria sido proposital, no intuito de tirar o foco dos últimos acontecimentos da investigação do assassinato da vereadora carioca Marielle Franco, onde foi apontada uma possível vinculação do presidente Jair Bolsonaro. “É óbvio que isso foi dito para tirar o foco da repercussão do caso Marielle Franco, pois a investigação se deparou com uma possível vinculação. Espero que o presidente Bolsonaro tenha serenidade, maturidade e sabedoria para governar para todos, ao invés de se usar da truculência e radicalismo. Ele deveria estar preocupado com as manchas de óleo no nosso litoral nordestino”, aconselhou.
Em aparte, a deputada Dra.Silvana (PL) ponderou que a fala do deputado federal Eduardo Bolsonaro não pediu nenhuma intervenção. “Entendo que Eduardo não pediu intervenção, apenas um comparativo caso aconteça baderna como está no Chile e na Argentina. E acho que quando a ordem é abalada, precisamos mesmo de intervenção”, opinou.
Para o deputado Marcos Sobreira (PDT), nunca houve um discurso tão duro, anti-republicano e antidemocrático. “Isso é rasgar a constituição. Ele é deputado federal, e como todos nós, jurou defender a Constituição. Obviamente sabemos que a intenção desviar o foco do caso Marielle Franco. É lamentável que estejamos discutindo as besteiras que um deputado fala em vez de nos concentrarmos na situação do nosso litoral, vítima de um derramamento de óleo criminoso”, salientou.
LA/AT