A parlamentar informou que um servidor da Casa realizou postagens no Facebook, desqualificando todas as mulheres que votaram no candidato Fernando Haddad (PT) no segundo turno das eleições, no último domingo (28/10). “Não podemos deixar que esse tipo de situação vire moda. A democracia nos garante a liberdade de pensar e votar em quem quisermos”, lembrou.
Ela considerou que a Assembleia Legislativa é um lugar de diversidade de pensamento e que não irá admitir desrespeito por diversidade ideológica de gênero, de religião ou de orientação sexual. “Não tolerar isso é meu papel enquanto parlamentar, mas, além disso, é meu papel como cidadã”, salientou.
Augusta Brito manifestou repúdio às declarações do servidor, e considerou que o pensamento está em consonância com parte do eleitorado do candidato eleito, Jair Bolsonaro (PSL/RJ). “Mal venceu a eleição e as pessoas que pensam como ele já se sentem empoderadas para falar o que quiserem, cerceando a liberdade dos outros”, afirmou.
Para a deputada, nunca foi tão necessária a existência de um Procuradoria Especial da Mulher na AL, órgão do qual é presidente. A deputada acrescentou que a procuradoria irá reformular suas propostas e buscar formas de atuar mais dentro e fora da AL.
Em aparte, os deputados Renato Roseno (Psol), Carlos Felipe (PCdoB), Leonardo Pinheiro (PP) e Moisés Braz (PT) também repudiaram as manifestações na rede social do servidor.
Renato Roseno considerou que essa onda de “populismo autoritário” tem gerado o retorno dos recalques mais machistas. "Os homens, e espero que uma minoria deles, não sabem conviver com as diferenças e demandas da equidade de gênero”, pontuou.
Para Roseno, a situação envolvendo o servidor da AL ultrapassou qualquer fronteira do respeito. “A liberdade de expressão não pode ser utilizada sob o viés da intolerância e da desumanidade. Usar as redes sociais para provocar discriminação de gênero e a injúria coletiva não pode ser visto como direito à liberdade de expressão”, disse.
Carlos Felipe lembrou que o pensamento do servidor em questão não representa o da AL, seus parlamentares e funcionários. Já Leonardo Pinheiro viu como “preocupantes” as declarações feitas pelo servidor, e disse esperar que o novo Governo “unifique o País”.
Moisés Braz se solidarizou com as servidoras e funcionárias da AL e elogiou o discurso “corajoso” de Augusta Brito. “A defesa que Augusta Brito faz aqui vai além de todas as servidoras dessa Casa, mas abrange principalmente aquelas que não conhecem outra forma de pensar e vêem o machismo como pensamento padrão”, explicou.
Decisão
O pronunciamento da deputada foi motivado pelas postagens do servidor Barros Alves no Facebook, comemorando a eleição do candidato Jair Bolsonaro. Na publicação afirmou que “as mulheres de respeito deste imenso Brasil disseram Ele Sim. As vadias... Bem, lugar de vagabundo é defendendo laranja de presidiário". O servidor usou ainda palavras como "doidinhas, abestadinhas, esquerdopatas" para se referir às eleitoras de Fernando Haddad.
O deputado Heitor Férrer (SD), que tinha Barros Alves como assessor, já se pronunciou em rede social repudiando as declarações, e anunciou o desligamento do servidor do gabinete.
PE/AT