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Deputado volta a advertir para a chance de colapso - QR Code Friendly
Quinta, 08 Dezembro 2016 04:36

Deputado volta a advertir para a chance de colapso

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Deputado Carlos Matos faz balanço dos trabalhos da comissão especial da Assembleia e chama a atenção para a gravidade do momento Deputado Carlos Matos faz balanço dos trabalhos da comissão especial da Assembleia e chama a atenção para a gravidade do momento ( Foto: José Leomar )
O deputado estadual Carlos Matos (PSDB) preside na Assembleia Legislativa do Ceará a Comissão Especial de Acompanhamento das Obras da Transposição de Águas do Rio São Francisco. Ontem ele subiu à tribuna da Casa para discursar sobre os trabalhos do colegiado ao qual disse estar muito envolvido.   A comissão fez a primeira visita às obras em abril quando, segundo o tucano, já foi percebido o risco da não conclusão dos canais. "Pedimos para conhecer o plano B do Governo caso as águas do São Francisco não chegassem pela transposição. Houve a afirmativa que chegaria de qualquer forma, mas não chegou. Vimos aquela obra que realmente é bem estruturada e está quase pronta, mas para nós cearenses só terá efeito quando a água chegar".   De acordo com o Governo Federal, o único trecho que está parado em toda a extensão da transposição é exatamente o que promete trazer a água do São Francisco, porque a empresa responsável abriu falência. Ontem o Ministério da Integração Nacional anunciou que será publicado hoje o edital de licitação, para que seja dada sequência às obras, inclusive na parte referente ao Ceará.   Para reduzir o tempo comum ao processo licitatório, o Ministério informou que o modelo definido em parceria com o Tribunal de Contas da União (TCU) é o Regime Diferenciado de Contratações (RDC). As propostas estão previstas para serem abertas já na primeira quinzena de janeiro do próximo ano, com a contratação da vencedora em fevereiro de 2017.   Com a conclusão das estruturas necessárias para a passagem de água, a expectativa do Ministério da Integração é beneficiar o reservatório Jati, em agosto, chegando à Região Metropolitana de Fortaleza no mês de setembro. Todavia, Carlos Matos disse ter sido surpreendido ao saber que o canal principal por onde circulará a água dentro do Ceará sequer tem projeto pronto.   Canal   "Seriam 130 quilômetros de Mauriti para cá. Virá de forma improvisada porque o Ceará não está pronto para receber as águas do São Francisco, vindo de Jati, percorrendo 260 quilômetros", apontou. "Situação semelhante se deu quando Fortaleza entrou em colapso e o ex-governador Ciro Gomes fez o Canal do Trabalhador com quase 100 quilômetros, com manta asfáltica. Fez porque viu que a água não viria sem fazer o canal", disse.   O presidente da comissão afirmou que há, hoje, uma incerteza se a água vai molhar terras cearenses. "Há uma dúvida e não temos ainda resposta convincente de que a água, se chegasse hoje ao Ceará, despejaria no Castanhão, porque o Ceará não se preparou", acusou. "Querer colocar a culpa no Governo Federal não cola".   Segundo Carlos Matos, a forma mais inteligente neste momento seria "esquecer" o São Francisco. "Não existe (águas do) São Francisco em 2017, só em 2018. Isso significa que temos grave ameaça de entrarmos em colapso hídrico, que significa colapso social e pode significar colapso econômico para o Ceará", alertou. "Deixou de ser questão só de governo. Não podemos esperar que o governo gere todas as alternativas".   Equipe   Ele apontou a necessidade de reconhecer o esforço do Governo do Estado do Ceará, mostrado pelo próprio governador Camilo Santana e sua equipe. "A Assembleia tem sido muito bem acolhida nos órgãos que procura, e na presença dos assessores aqui discutindo. São técnicos dedicados, mas a questão é maior do que o governo que já não será capaz de resolver essa questão sozinho".   Porém, o Governo deixou de tomar medidas estratégicas que poderiam amenizar a situação, continuou Carlos. "Não agiu para promover a dessalinização, deixou de fazer o reúso, e não fez, com a intensidade que deveria, a perfuração de poços".   "O Ceará perfurava 500 poços por ano até 2014, Camilo tentou recuperar o fracasso do Governo Cid Gomes, e também se dedicou ao Cinturão das Águas. Em 2015, o Governo deu um salto e perfurou cerca de 1.500 poços, em 2016, até o momento perfurou 1.750 poços, dos quais 500 estão sem instalação. Mas a Coelce esteve aqui e criamos uma aliança da Coelce com a Sohidra (Superintendência de Obras Hídricas) para instalação desses poços", destacou.   Ao faltar visão estratégia, disse o deputado, o resultado foi o risco de colapso, a ameaça dos dias atuais. "Perdemos 25% da água de Fortaleza por não fazermos o reúso".   Em aparte, o deputado Leonardo Pinheiro (PP) parabenizou o tucano por reconhecer o esforço exercido pelo Governo, mas divergiu quanto à conclusão da parte que cabe ao Estado. "Sabemos que a Transposição não fica pronta hoje. Mas existe a garantia por parte do Governo que quando a água chegar a Jati, o trecho 1 estará pronto".
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