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Preço de campanha oscila até 1.200% entre os mais votados - QR Code Friendly
Terça, 11 Agosto 2015 04:27

Preço de campanha oscila até 1.200% entre os mais votados

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O deputado estadual mais bem votado, Wagner Sousa, informa gastos de R$ 87 mil, enquanto Agenor Neto teve despesas de R$ 1,17 milhão O deputado estadual mais bem votado, Wagner Sousa, informa gastos de R$ 87 mil, enquanto Agenor Neto teve despesas de R$ 1,17 milhão ( FOTO: FABIANE DE PAULA )
  Uma das propostas de reforma política, em análise no Senado Federal, estabelece limites de gastos para todos os cargos em disputa numa eleição. Enquanto não há qualquer regulamentação, no entanto, as despesas declaradas pelos postulantes ao mesmo cargo não seguem nenhum padrão, revelando como o preço do voto na democracia brasileira ainda está longe de ser alcançado. Os valores informados à Justiça Eleitoral entre os sete deputados estaduais eleitos em 2014 com o maior número de votos mostram uma variação que ultrapassa os 1.200%. A comparação entre os gastos declarados à Justiça Eleitoral no Ceará entre os sete deputados estaduais eleitos com maior número de votos revela que, enquanto o parlamentar mais votado para a Assembleia Legislativa, Wagner Sousa (PR), informa ter gastado apenas cerca de R$ 87 mil na campanha eleitoral de 2014, o sétimo deputado estadual mais votado, Agenor Neto (PMDB), declarou despesas de cerca de R$ 1,17 milhão. Na disputa para a Câmara dos Deputados, os gastos informados pelos deputados federais que integram a bancada cearense em Brasília também indicam discrepâncias quanto ao valor do voto conquistado por cada um dos representante. Enquanto o peemedebista Aníbal Gomes encerrou o pleito como o sexto mais votado gastando, segundo sua prestação de contas ao TRE, apenas R$ 229,5 mil, o correligionário Danilo Forte declarou despesas de até R$ 2,4 milhões para assumir o posto de quinto mais votado no Estado. Discrepâncias Quando a comparação é realizada de acordo com o que cada tipo de atividade o parlamentar investiu, as discrepâncias na estratégia adotada por cada também são notórias. O deputado federal Aníbal Gomes, por exemplo, informou à Justiça Eleitoral gastos apenas com publicidade por material impresso e eventos de promoção de candidatura. Já Danilo Forte declarou despesas com produção de jingles, vinhetas e slogans, atividades de militância e mobilização de rua, publicidade por carros de som, publicidade por placas, estandartes e faixas, combustíveis e lubrificantes, eventos de promoção da candidatura, cessão ou locação de veículos, entre outras ferramentas permitidas durante a campanha eleitoral. Na comparação do tipo de despesas declaradas pelos deputados estaduais Wagner Sousa e Agenor Neto, as diferenças se referem ao montante investido por cada um. Enquanto o peemedebista disse à Justiça Eleitoral ter pago R$ 359,9 mil para custear as despesas com publicidade por material impresso, o presidente do PR em Fortaleza informou ter gasto R$ 29,6 mil com a mesma atividade. O deputado Wagner Sousa não declarou gastos com cessão ou locação de veículos, enquanto Agenor Neto informou à Justiça Eleitoral ter pago R$ 144,7 mil para custear esse tipo de despesa na campanha. Outro recurso ausente na prestação de contas pelo representante do PR foi a despesa com atividades e mobilização de rua. Já o peemedebista comunicou esse tipo de custo dividindo em até 297 itens orçados em diferentes valores. A professora de Ciência Política Carla Michele Quaresma aponta que essas discrepâncias revelam como o sistema eleitoral brasileiro está distante do cenário ideal da democracia. "A gente vê quanto o nosso modelo é distorcido. Enquanto existirem candidatos que contam com um aporte financeiro, vai ficar essa diferença. Os candidatos continuarão se apresentando ao eleito dessa forma desigual", analisa a professora. Carla Michele Quaresma ressalta também que o processo de prestação das constas de campanha ainda é muito frágil. "Nem sempre o valor declarado representa o que foi gasto. É muito frágil. Se você pegar as contas em campanhas majoritária, é visível como são facilmente fraudadas. Uma mesma empresa financia dois e três candidatos e, muitas vezes, na realidade não cederam um centavo. É mais lavagem de dinheiro", destaca. Gastos declarados Na lista dos dez deputados estaduais eleitos com o maior número de votos, os gastos declarados por cada um estão assim divididos: Wagner Sousa (PR), tendo pago R$ 87 mil; Aderlânia Noronha (SD), R$ 316,2 mil; Zezinho Albuquerque (PROS), R$ 555,1 mil; Heitor Férrer (PDT), R$ 285,7 mil; José Sarto (PROS), R$ 530,7 mil; Sérgio Aguiar (PROS), R$ 425,4 mil; Agenor Neto (PMDB), R$ 1,17 milhão; Fernanda Pessoa (PR), R$ 537,6 mil; Bruno Gonçalves (PEN), R$ 598,2 mil; e Moisés Braz (PT), R$ 434,8 mil. Já na lista dos dez deputados federais eleitos para a bancada cearense em Brasília com maior número de votos no ano passado, as despesas informadas à Justiça Eleitoral estão assim divididas: Moroni Torgan (DEM), R$ 1 milhão; Genecias Noronha (SD), R$ 821,9 mil; José Guimarães (PT), R$ 1,6 milhão; Domingos Neto (PROS), R$ 917,6 mil; Danilo Forte (PMDB), R$ 2,4 milhões; Aníbal Gomes (PMDB), R$ 229,5 mil; Moses Rodrigues (PPS), R$ 629,9 mil; Gorete Pereira (PR), R$ 1,4 milhão; Luizianne Lins (PT), R$ 732,3 mil; e André Figueiredo (PDT), R$ 1 milhão. O Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE) ainda tem de concluir o julgamento de todos as prestações de contas dos candidatos que disputaram as eleições em 2014. A única pendência é o processo referente às contas do senador Eunício Oliveira (PMDB), que disputou o cargo de governador. O processo está sob a relatoria da desembargadora Maria Nailde Pinheiro Nogueira, corregedora e vice-presidente do TRE. Na pauta da sessão de amanhã, ainda não está previsto o julgamento das contas do senador peemedebista Eunício Oliveira. De acordo com o balanço divulgado pelo órgão, do total de processos levados para julgamento no pleno, somente 2,73% tiveram a aprovação de forma integral, ou seja, sem ressalvas. Já os processos aprovados com ressalvas representam 44,88% das contas analisadas pelo pleno. Outros 30,2% foram reprovados e 22,18% não foram entregues à Justiça Eleitoral. Alan BarrosRepórter
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