Com base ainda no estudo, conforme a deputada, a ONU chama a atenção para a questão da segurança alimentar. Segundo ela, a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) prevê aumento de 50% na demanda por alimentos até 2050, embora os cientistas alertem que o rendimento de cultivos como trigo, arroz e milho poderá cair 20% na próxima década devido às temperaturas mais elevadas.
A parlamentar ressaltou que a escassez de produtos de primeira necessidade poderia levar à absorção de mais terras pela agricultura industrializada, um dos motores do aquecimento global já que responde por 15% a 30% das emissões de carbono e metano em todo o mundo, o que, por sua vez, provoca a desertificação.
Eliane Novais afirmou que a notícia é um alerta para a região Nordeste e o Estado. “Já repercuti aqui nesta tribuna a informação divulgada pelo jornal O Povo, em abril deste ano, que mostrou como as mudanças climáticas causadas pelo fenômeno aquecimento global têm muita relação com a realidade do nosso Estado”, lembrou. Com base na reportagem, a parlamentar afirmou que um dos mais recentes relatórios do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), que reúne milhares de cientistas do planeta, apresenta que pelo menos quatro grandes efeitos do aquecimento global têm relação direta com o Ceará. Duas delas são o aumento de temperatura e as secas prolongadas.
“Estas informações levam a crer que secas prolongadas, como a que vivemos hoje, tendem a ser mais constantes e isso é um risco muito grande para o nosso Estado, que tem quase a totalidade de seu território inserido no semiárido nordestino”, disse. A socialista salientou que a estiagem de três anos vivenciada no Estado “demonstra que ainda não temos uma real política de convivência com o semiárido”. Segundo ela, mesmo com as poucas chuvas que caíram nesta quadra invernosa, e que propiciaram uma recarga mínima de nossos reservatórios, mais de 90% das cidades cearenses estão em estado de emergência. “As ações, portanto, ainda são muito mais paliativas do que preventivas”, reiterou.
Em aparte, o deputado Antonio Carlos (PT) endossou a preocupação, lembrando que chegou a apresentar um projeto, que já é lei, que institui o Dia Estadual de Conscientização sobre Mudanças Climáticas. “É um tema que não podemos descuidar dele”, acrescentou.
LS/CG