Dep. Prof. Pinheiro (PT)
Foto: Paulo Rocha
Durante o segundo expediente da sessão plenária desta quinta-feira (13/03), o deputado Professor Pinheiro (PT) destacou que neste ano se completam 130 anos da abolição da escravatura no Ceará, primeiro estado a tomar a iniciativa. Ele discorreu sobre a população negra no Brasil, chamando atenção para situação dessa população, a qual ele afirma ser preocupante.
O parlamentar disse que, levando em consideração todos os campos, percebe-se claramente que os afrodescendentes são preteridos, “o que vai gerando um processo malvado para essa população”. Ele acentuou que, apesar da abolição da escravatura, as condições de vida desse segmento vêm se repetindo, com um drama que os afeta.
Segundo o deputado, o resultado de uma pesquisa elaborada em 2008 mostrou que, dos 513 deputados federais eleitos no último pleito, pouco mais de 8% são negros. Em relação ao salário de um branco no Brasil, o valor chega a ser 46% superior ao de um negro.
Daqueles que ganham menos de um salário mínimo, o parlamentar informou que 63% são negros e 34% são brancos. Do grupo de brasileiros mais ricos, 11% é composto por negros e 85% de brancos. “Há uma clara discriminação social e racial, isso faz com que se busquem políticas compensatórias”, propôs. Ele defende ainda a necessidade de propostas de políticas de transição, para que se possam romper as barreiras do período colonial.
O petista mencionou, ainda, que, dos analfabetos brasileiros, apenas 5,9% são brancos e 13,3% negros. No que diz respeito às vítimas de violência, o deputado informou que, em 2008, morreram 111,2% proporcionalmente mais negros que brancos no Brasil. Ele ressaltou que a população negra responde por 69% dos casos de homicídios em 2009. A situação se torna pior entre os jovens de 15 a 24 anos. Entre os brancos, o número de assassinatos caiu de 6.592 para 4.582 entre 2002 e 2008. Enquanto isso, o assassinato de jovens negros subiu de 11.308 para 12.749, um aumento de 13%.
“Aqueles que criticam as políticas governamentais (nesse sentido) é porque não conhecem a realidade do Brasil”, salientou, destacando que é preciso “reduzir as diferenças das populações afrodescendentes no País”.
O parlamentar defendeu ainda ser necessário desmistificar o pensamento em relação à população negra, vez que há um preconceito que tenta tachá-la como uma população perigosa. “Temos que lutar para que esse processo seja superado no Brasil”, disse, enaltecendo políticas afirmativas do Governo Federal, como a determinação de cotas para negros nas universidades públicas. “A política de cotas é fundamental para reduzir as desigualdades sociais, raciais e de cor. Enquanto não enfrentarmos isso de frente vamos ter um apartheid de negros, mortos como as estatísticas mostram atualmente”, disse.LS/LF