A decisão da Câmara dos Deputados, que suspendeu a denúncia de corrupção passiva contra o presidente Michel Temer, não chegou a causar surpresa entre aliados e adversários do peemedebista. Mesmo assim, o resultado, segundo deputados estaduais do Ceará, provoca uma “avalanche” no cenário político, com impacto direto nas eleições de 2018.   Em manifestação ontem, o deputado Renato Roseno (Psol) afirmou que, agora, a esperança está na mobilização popular. Ele disse acreditar que, somente por meio de movimentos populares e do voto consciente, o Brasil pode ter um futuro melhor. “Não vamos nos abater. Aqueles que têm compromissos reais com as transformações profundas, com um novo projeto de sociedade, políticas de igualdade e justiça social estão nas ruas”, disse.   Roseno afirmou, ainda, que aqueles que defenderam o presidente estão contra o povo brasileiro. “Nunca um presidente da República havia sido flagrado comprando o silêncio de parlamentares. Temos provas de corrupção passiva e ainda assim nove deputados cearenses votaram a favor de Temer. As pessoas estão decepcionadas e com razão, pois nossa Câmara não é digna”, lamentou. A deputada Mirian Sobreira (PDT) também acredita que a resposta virá em 2018. “Espero que a população esteja se preparando para dar um retorno a este cenário nas próximas eleições, torcendo para que, com a força do voto de cada um, e após assistirem ao que aconteceu ontem, possamos dizer não a todos os que votaram favoráveis ao governo Temer”, disse a deputada, classificando a sessão de “vergonhosa”. “Em vez de darem a oportunidade para que a população brasileira pudesse ver um presidente acusado de praticar crimes investigados, optaram por institucionalizar a corrupção”, enfatizou.   Oportunidade Segundo o deputado Ferreira Aragão (PDT), as disputas eleitorais de 2018 são uma excelente oportunidade para que os brasileiros passem o País a limpo. “Também fiquei muito triste com o que aconteceu, mas entendo que as eleições do ano que vem são a chance de darmos uma reviravolta na política, e peço aos eleitores brasileiros que votem melhor”, salientou ele.   Já a deputada Rachel Marques (PT) disse que a decisão foi “absurda”, pois, segundo ela, “Temer é um golpista e utilizou mais de R$ 4 bilhões em emendas e cargos em troca de votos. Ele conseguiu se livrar das investigações, através de deputados federais que deram as costas para o povo brasileiro”. A petista lembrou que “mais de 80% da população rejeita o atual governo e a resposta virá em novas eleições”.   Manifestações Diante dos efeitos da decisão, o deputado Carlos Felipe (PCdoB) considerou que o Parlamento Federal viveu um momento “triste” ao não permitir o andamento da investigação contra o presidente, após “claras e explícitas provas de desvio de conduta”. No mesmo compasso, o deputado Moisés Braz (PT) lamentou os deputados federais que votaram contra a continuidade das investigações contra Michel Temer e conclamou manifestações contrárias ao pacote de reformas apoiadas pelo Governo. “Temer deve ser investigado. O povo precisa ir às ruas para garantir que o Governo não continue acabando com o direito dos cidadãos”, disse ele.