Antes mesmo do anúncio oficial do rompimento do PMDB com o governo Dilma, confirmado na tarde de ontem, deputados estaduais centraram forças no debate, no plenário da Assembleia Legislativa, sobre a ruptura política da legenda com o atual governo. Peemedebistas cearenses receberam, nos bastidores, uma moção de apoio entregue pela Aliança Nacional do Movimentos Democrático. Em meio ao debate, petistas cobraram coerência e afirmaram que o PMDB poderá “entrar para a história como o partido que comandou o golpe”.
O primeiro a falar, em plenário, foi o deputado Leonardo Araújo (PMDB) que defendeu na tribuna da Casa a posição do partido de romper oficialmente com o governo Dilma. “Deixamos um governo que não tem mais nada a oferecer ao povo. Um governo sem diálogo e capacidade mínima de conduzir o destino do nosso País. Essa, com certeza, é a medida mais assertiva que nosso partido poderia tomar neste momento”, avaliou o parlamentar. Leonardo Araújo disse não concordar com “a acusação de golpista”, de integrantes do PT contra o vice-presidente da República, Miche Temer, também presidente do PMDB.
Já o deputado Daniel Oliveira (PMDB) disse que a decisão foi um reflexo da manifestação das ruas – referindo-se às recentes mobilizações populares. “Dialogamos muito e fazemos isso em memória de tantos líderes que tivemos e foram exemplos para nós. Foram os movimentos de rua que tornaram o PMDB o maior partido do País, e não podemos ir contra o que a população pede”, reforçou.
Críticas
No entanto, líderes petistas subiram a tribuna para criticar a postura dos aliados dos últimos 13 anos. Elmano de Freitas (PT) chegou a dizer que tinha “esperança” da manutenção da aliança em nível nacional. “Tenho esperança de que não passará e acredito que tudo isso vai ser bom, para vermos quem realmente está ao lado do povo e quem não dá as costas e muda o discurso na primeira crise”, assinalou, criticando o que avalia como processo de judicialização pelo qual as questões políticas estão tramitando. “Dois pesos, duas medidas”, finalizou. Elmano, inclusive, lembrou da visita do ex-presidente Lula ao Ceará no sábado (02), para participar de uma manifestação contra o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff . O evento ocorrerá na Praça do Ferreira.
Raquel Marques (PT), por sua vez, classificou a posição do PMDB de “oportunista”. “Configura disputa pelo poder, oportunismo e traição(…) o PMDB comete uma irresponsabilidade porque pode prolongar o período de instabilidade social que vive o País, colocar em risco a democracia e entrar para a história como o partido que comandou o golpe”, finalizou.
Bastidores
No decorrer da sessão plenária, deputados e políticos do PMDB se reuniram com representantes da Aliança Nacional dos Movimentos Democráticos, que entregaram uma moção de apoio a ruptura do partido com o governo. De acordo com a ex-deputada Eliane Novais (PMDB), a bancada estadual está afinada com a cobrança da sociedade, inclusive disposta a “cortar na própria carne”. Isso porque, segundo ele, existem membros do partidos envolvidos em escândalos e deve ser punidos por isso. “A crise é política, econômica, moral e é grave e decisão, com certeza, vem fortalecer o momento e ouviu os movimentos de rua em todo o Brasil”.