A base aliada na Assembleia Legislativa ignorou ontem o patamar ainda alto no número de homicídios registrados no Estado para exaltar a divulgação de que a quantidade de 262 vítimas assassinadas no mês de julho foi inferior ao mesmo período no ano passado. O tema dominou grande parte da sessão, que chegou a ser encerrada antes do meio-dia, após diversos parlamentares desistirem de subir à tribuna da Casa. O deputado Manoel Santana (PT) foi o primeiro a abordar o tema na tribuna da Assembleia Legislativa. Ao ser questionado pelo Diário do Nordeste se não seria prematuro comemorar a redução no número de homicídios, apesar de os dados ainda revelarem uma quantidade excessiva de assassinatos, o parlamentar alegou ser preciso exaltar cada avanço que for conquistado no combate à violência, mesmo que seja mínimo. "Eu acho que cada morte que puder ser evitada, ela deve ser festejada. Nesse caso nós estamos falando de uma redução de quase 20%. Se fosse uma única morte evitada, ela já deveria ser festejada, comemorada para que as pessoas continuem a trabalhar com mais dedicação", pontuou o petista. O deputado Ely Aguiar (PSDC) criticou a forma como esta redução foi tratada pela base aliada, chegando até a questionar a realidade dos dados apresentados pela Secretaria da Segurança Pública. "Vossa Excelência tem certeza que houve essa redução? O grande número de homicídios em Fortaleza e no Ceará é bandido matando bandido. Nós também estamos batendo recordes de policiais mortos. Então, é muito cedo para o Governo levantar um troféu", frisou. Já Wagner Sousa (PR) chamou atenção para a dificuldade da Secretaria da Segurança Pública em combater os crimes contra patrimônio, justificando que esse problema é o de maior impacto sobre a sensação de insegurança da população. "A gente tem cobrado há algum tempo a divulgação dos dados sobre crimes contra patrimônio, mas não tem sido divulgado. Quando a gente fala dos crimes de patrimônio, a gente está tendo um aumento. Basta verificar o aumento de ataques a caixas eletrônicos no Interior, basta ver a quantidade de assaltos corriqueiros", destacou. Criminalidade O deputado Wagner Sousa alegou que a base utilizou muito o termo de redução da criminalidade, mas alertou que os números só se referiram ao homicídio. "Deve se ter cuidado para não se afirmar que houve redução da criminalidade. Houve redução de um crime específico, que foi o homicídio. Não houve queda no crime contra patrimônio", disse. A base aliada na Assembleia rebateu, no entanto, os questionamentos feitos ao assegurar que o Governo tem noção de que há ainda muito a ser feito. A deputada Rachel Marques (PT) ressaltou que o governador Camilo Santana já enfatizou essa questão, mas a parlamentar corroborou a avaliação de Manoel Santana ao analisar ser preciso dar conhecimento à população para que ela se convença que está sendo feito esforço. " São seis meses consecutivos de redução. Nesse mês de julho, foi o menor desde 2012. É claro que o problema não está resolvido, mas é importante porque a população precisa ter a confiança de que está havendo esforço", apontou a petista. Os membros da base também reforçaram como um passo importante do Governo do Estado na busca pela redução dos homicídios a sanção da lei que regulamentou as promoções a poli Já o líder do governador Camilo Santana na Assembleia, Evandro Leitão (PDT), também alegou que, apesar de ainda se estar distante do ideal, não existe espaço para lamentações. O parlamentar disse ser necessário dar valor às conquistas e às ações executadas para combater a violência no Estado.