O deputado estadual Ferreira Aragão (PDT) foi à tribuna da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará, ontem, para alertar sobre dificuldades que estão sendo criadas pela criminalidade para a eleição deste ano. De acordo com o parlamentar, as organizações criminosas estão criando empecilhos para as campanhas e pré-campanhas em todas as grandes cidades.   Segundo o parlamentar, ao avistar um carro desconhecido ou pessoas que não costumam frequentar as comunidades, os criminosos logo suspeitam que se trate de uma organização criminosa rival. "Daqui que você vá explicar que um boi deitado não é uma vaca, você já está morto", disse. Aragão afirmou que, para fazer campanha nesses locais, "é preciso ser muito macho".   Para ele, é impossível que os governos estaduais solucionem o problema sozinhos, pois a articulação entre os criminosos há muito tempo já se nacionalizou. De acordo com o parlamentar, é preciso que o Governo Federal tenha mais protagonismo na área. "Ninguém vai resolver sem o apoio federal, e venho dizendo isso há anos", argumentou.   Em aparte, o deputado Manoel Santana (PT) endossou a opinião do colega. De acordo com ele, o problema não é apenas haver criminosos atrapalhando campanhas, mas endossando nomes para defender seus interesses junto ao poder público. "Há casos de diversos candidatos que foram eleitos e agem como braços do tráfico, e a população precisa ficar atenta a isso", afirmou, sem citar nomes.   De acordo com ele, tratam-se de "narcopolíticos que querem apropriar-se do voto dos pobres", que, juntamente com aqueles que compram votos, ajudam a enfraquecer a democracia brasileira.   Capitão Wagner (PROS) também alertou para o problema. "O Estado do Ceará vai virar um México", declarou. Segundo ele, aliados seus já disseram que não conseguiram fazer atividades de campanha por causa da criminalidade, além dos diversos registros de famílias sendo expulsas de suas casas por organizações criminosas e de mães que não poderiam matricular seus filhos em determinadas escolas por morarem em bairros que seriam controlados por facções.   Folga   Ele, entretanto, afirmou que a responsabilidade é do governo estadual. "É muito fácil colocar a culpa no (presidente Michel) Temer (MDB). E quem está governando o Ceará? Quem tem a polícia na mão?". De acordo com ele, coloca-se a culpa de tudo no ocupante do Palácio do Planalto por Temer ter a popularidade baixa.   Para Wagner, uma ação criticável da gestão estadual aconteceu na noite da última quarta (1º), quando o governador Camilo Santana (PT) reuniu-se com militares estaduais para, segundo a pauta do encontro, tratar de temas de interesse da categoria. De acordo com o parlamentar, foi ofertada uma folga a quem comparecesse ao evento.