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Terça, 20 Janeiro 2015 06:00

Coluna Política

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    Por enquanto, não há por que se preocupar À primeira vista, o anúncio de que o governador Camilo Santana (PT) poderá ter até 15 deputados lhe fazendo oposição na Assembleia, a partir de fevereiro, deveria fazer estremecer o Palácio da Abolição. Afinal de contas, como mostrou matéria assinada pelo repórter Wagner Mendes, no último sábado, o número é suficiente, por exemplo, para abrir um pedido de CPI na Casa. Contudo, ao menos por enquanto, não há motivos para o novo chefe do Executivo arrancar fios de cabelo. Em primeiro lugar, por conta dos discursos apaziguares vindos daqueles que prometiam causar desconforto ao petista: Capitão Wagner (PR) e Heitor Férrer (PDT). Em segundo, porque não há nenhuma garantia de que toda a bancada do PMDB parta para uma postura mais ostensiva em relação ao seu governo. Ao iniciar um diálogo com o parlamentar mais votado da história do Ceará, e inimigo visceral do grupo que o ajudou a alçar o comando do Estado, Camilo conseguiu “domar” uma das mais fortes figuras oposicionistas que compõem o atual rol legislativo cearense. Fato que demonstrou uma habilidade política por parte do governador ainda desconhecida. Tudo começou com os elogios tecidos pelo secretário da Segurança, Delci Teixeira, a Capitão Wagner. “Independente de ele ser de oposição, temos de respeitá-lo”. Reconhecimento que não se tornaria público sem o aval de seu superior. Em seguida, reuniões com a cúpula do setor mais delicado da gestão e com o próprio governador. Abertura que deve render dividendos para ambas as partes e, consequentemente, para toda a sociedade. A satisfação é tanta que, além de afirmar que “não tem nem como comparar” as administrações de Camilo e de Cid Gomes, Wagner já prometeu trégua de seis meses na AL, sem fazer qualquer cobrança. Ao mesmo tempo, é preciso levar em conta o “prazo de validade” desse acordo de paz. Caso Camilo não consiga atender a boa parte das demandas apresentadas, assim como diminuir os assustadores índices de violência do Estado, Wagner deve voltar a ser um calo para o Palácio. E tudo que o governo não precisa é de uma voz oposicionista que ecoa facilmente entre os membros da Polícia Militar. Perder essa estabilidade é por em risco todo um projeto de curto, médio e longo prazos. Algo que não interessa a ninguém. Quanto a Heitor Férrer, dificilmente veremos o mesmo parlamentar que durante oito anos protagonizou os mais duros embates com o Executivo. Justamente pela postura do novo governador, não afeito a entrar em polêmicas e mais discreto que seu padrinho político. Digamos que faltará munição para colocar em prática seus discursos efusivos. Não esqueçamos que as maiores desavenças entre o deputado e o agora ministro Cid Gomes se deram justamente por certos deslizes cometidos pelo ex-governador, como por exemplo contratar a cantora Ivete Sangalo para inaugurar um hospital que nem funcionava, ou levar o tenor espanhol Plácido Domingo para apresentação do Centro de Eventos a 3 mil convidados, ao custo de R$ 3 milhões. Por tudo que já demonstrou nesses 20 dias de mandato, Camilo deve ser uma figura mais neutra, não encarnando o estilo “o Estado sou eu”. Tanto que já determinou que todas as repartições tenham retratos de cearenses, e não foto oficial dele. Falta ainda saber qual será a posição do atual governo em relação à compra de carros modelo Hilux para a frota da Secretaria da Segurança e demais órgãos da gestão. Em vários momentos, Heitor reclamou das exigências feitas nos editais de licitação para aquisição dos equipamentos. Caso nada mude, talvez reste ao parlamentar algum assunto para “voltar aos velhos tempos”. Já o comportamento do PMDB em relação à era Camilo ainda é uma incógnita. A única presença segura na ala da oposição é a do deputado Danniel Oliveira, sobrinho do senador Eunício Oliveira (PMDB), derrotado na disputa pelo Governo do Estado. Os demais têm perfil mais propenso a ceder a possíveis afagos palacianos. São políticos, em sua maioria, dependentes do poder para manterem sua carreiras. O que seria deles não fossem as obras e serviços executados pelo governo em seus redutos eleitorais? Talvez essa necessidade pese mais na hora de decidir entre ir para a base ou fortalecer o flanco oposicionista. Está aí o PSDB para provar o que digo. O partido que já foi o mais forte do Ceará terminou a legislatura anterior sem nenhum representante no Legislativo. A duras penas, elegeu um deputado nas eleições de outubro. E atentem para a criação do novo Partido Liberal (PL). Deverá virar abrigo para muitos peemedebistas ansiosos por engordarem o bloco governista. Resta então Renato Roseno, primeiro deputado eleito pelo Psol no Ceará. Crítico do atual modelo vigente focado em grandes obras e indústrias - iniciado com Tasso Jereissati, reproduzido por Cid e que deverá seguir adiante com Camilo -, não faltarão assuntos para o parlamentar explorar em plenário. É o único nome que podemos classificar como “100% oposição”. FERNANDO HUGO E O PTNão deixou de ser surpreendente a fala do deputado Fernando Hugo (SD) garantindo apoio ao governo do petista Camilo Santana. Logo ele, responsável por momentos homéricos na Assembleia, quando escolhia como alvo de seus discursos o PT e suas práticas no poder. Ele que recentemente chamou o ex-presidente Lula, a presidente Dilma e demais correligionários de “malta de quadrilheiros”, responsáveis pela “desarrumação sociocomportamental” do País. É certo dizer que Camilo não é lá a figura mais emblemática do petismo, estando mais ligado a Cid do que à identidade do partido. Mas representa, sim, a sigla no estado, com todos seus defeitos e qualidade. Sendo assim, soará estranho se Fernando Hugo retornar ao Parlamento com suas explosões retóricas contra Lula, PT e companhia. Inevitavelmente estará desagradando o novo aliado, que garantiu ao ex-tucano vaga na AL ao convocar vários deputados para seu secretariado.  
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