Durante uma sessão ordinária conturbada, ontem, os deputados estaduais cearenses que se reúnem apenas uma vez por semana, às terças-feiras, não conseguiram votar mensagens do Governo do Estado que estavam na pauta de votação por falta de quórum. Devido a divergências entre governistas e oposição, a sessão teve que ser encerrada e marcada uma outra para hoje. A confusão se deu porque opositores foram contrários à matéria que quer modificar a nomenclatura da Secretaria Especial da Copa (Secopa), pois segundo afirmaram, ela visa apenas querer acomodar aliados do governador Cid Gomes. Eles também criticaram projeto do Governo de Parceria Público-Privada (PPP) para construção da Ponte Estaiada. Às 13 horas, depois de toda uma rodada de conversas, o deputado João Jaime (DEM) solicitou verificação de quórum, e logo em seguida, votação nominal. No entanto, o presidente da sessão, Sérgio Aguiar (PROS) autorizou a votação nominal, mas para votação em bloco das mensagens, o que irritou alguns parlamentares que eram favoráveis a outras propostas. PMDB, PSB e PV se posicionaram em obstrução por conta da decisão da Mesa Diretora. Com isso, a sessão foi esvaziada, e somente 16 votos foram registrados, todos favoráveis às quatro matérias. A presidência então teve que cancelar a plenária, e quase meia hora depois Sergio Aguiar convocou os parlamentares para retornarem à sessão e somente nove registraram assinatura. Danniel Oliveira (PMDB) e Roberto Mesquita (PV) chegaram a dizer que não iriam estar presentes à plenária de logo mais, pois ela visava apenas discutir matérias de interesse do Poder Executivo. Durante as discussões, a deputada Eliane Novais (PSB) criticou a mudança na nomenclatura da Secretaria Especial da Copa e afirmou que grandes eventos não representam políticas públicas para o Estado, e pediu para que seus pares refletissem sobre a votação da matéria. Sobre as mensagens que tratam da construção da Ponte Estaiada, a pessebista ressaltou que não votaria na proposta visto que a obra, em sua opinião, é dispensável para a população. Avalizar Roberto Mesquita destacou que se posiciona totalmente contrário à mensagem que trata da PPP da Ponte Estaiada, e afirmou que o Governo Cid Gomes no fim de seu mandato "endoidou". "O governador tem se utilizado desta Casa para avalizar seus mais esdrúxulos acordos e os propósitos do governador não têm sido claros. Ao darmos o aval do Governo a essa parceria, deixamos de olhar que o momento é de perceber os problemas de seca pelos quais o Estado passa". Ele destacou ainda que não se poderia aprovar dinheiro público para a Marquise, visto que a empresa irá cobrar, logo após a PPP, dinheiro pelas visitas que serão feitas ao mirante proposto na matéria. "A Assembleia não pode ser parceira de uma parceria dessa. Na PPP o Estado oferece o serviço e o privado passa a investir e fazer as obras. O que estamos vendo aqui é, no apagar das luzes, autorização de um mirante em detrimento dos interesses dos cearenses". Mesquita também criticou a mudança na nomenclatura da Secretaria Especial da Copa, que segundo disse, visa apenas acomodar "um amigo do governador". Ely Aguiar (PSDC) foi mais além e disse que Cid Gomes quer criar uma nova secretaria apenas como "cabide de emprego" e disse que a maioria da Casa aprova as matérias do Governo do Estado "ajoelhada". Ele também apontou falhas na proposta de PPP com a empresa Marquise. "Que tanta bondade é essa que a Marquise faz para o Governo agradar tanto a ela?" Sineval Roque (PROS), em contrapartida, afirmou que o que ocorre atualmente no Governo Cid Gomes também aconteceu em outras gestões, principalmente, nas tucanas, das quais João Jaime participou. Carlomano Marques (PMDB), indo de encontro ao que o líder do seu partido Danniel Oliveira, defendeu a proposta do Governo do Estado e criticou o posicionamento de alguns dos colegas. "Muitos do que estão condenando a transformação da secretaria aqui votaram na matéria que veio para cá aumentando o número de secretarias já existentes no Estado antes da Copa do Mundo", afirmou. Prometido O líder do Governo, José Sarto (PROS), entregou a matéria da votação passada para Marques onde constava o voto contrário de apenas um deputado, neste caso do petista Antônio Carlos. Já Heitor Férrer (PDT), que votou favorável à proposta de permanência da Secretaria até 2016, isso no ano passado, disse que o fez porque queria que obras que precisavam ser concluídas tomassem o rumo necessário, como prometido. José Sarto disse que nenhum cargo será criado ou qualquer despesa será destinada ao Governo do Estado com a mudança da nomenclatura. O líder do Governo disse que quem não votou favorável na matéria aprovada em 2013 poderia ter contestado o seu conteúdo em sessões subsequentes, o que não houve.