No primeiro dia de atuação, na Assembleia, os deputados saídos do Governo mostraram que vão ser combativos Os ex-secretários da gestão Cid Gomes iniciaram suas participações na Assembleia Legislativa, ontem, depois de alguns anos ausentes da Casa (Camilo Santana, Francisco Pinheiro, Gony Arruda e Mauro Filho) tendo que responder as críticas feitas por parlamentares oposicionistas. Durante um dia conturbado, muitos foram os embates, principalmente, questionando as medidas adotadas pela administração nas áreas de Saúde e Segurança Pública. Os deputados de oposição madrugaram na Casa na última terça-feira, a fim de terem espaços para falar. Como naquele dia não houve sessão, devido ao falecimento do ex-deputado Arruda Furtado, os pronunciamentos deles foram transferidos para ontem. Heitor Férrer (PDT), Eliane Novais (PSB), Fernanda Pessoa (PR) e o pedetista, aproveitaram a recente decisão do governador Cid Gomes, de exonerar seus secretários muito antes do prazo de desincompatibilização dos que serão candidatos, para dizer que o ato comprova "o fracasso da gestão" atual. Heitor, por exemplo, apresentou dados obtidos por ele no Portal da Transparência do Governo do Estado, sobre a execução orçamentária para demonstrar que a administração cidista executou bem menos do que era necessário nesse ano. "É lamentável que no segundo mandato do Governo Cid, até no terceiro bimestre deste ano, as políticas públicas do Governo tenham se arrastado de maneira tão pífia", disse. Ele ressaltou ainda que o Estado tinha 1.778 homicídios por ano antes da atual administração e que em 2012 teve mais de 3 mil casos desse tipo. Prioridade "Na Segurança Pública, o Governo do Estado tinha orçado R$ 1,5 bilhão, mas só investiu R$ 600 milhões. Na Tecnologia de Informação da própria Secretaria de Segurança, ele investiu 0,35%. Como vai combater violência sem Tecnologia de Informação. Minha nossa senhora". Heitor Férrer disse ainda que o Governo não teve como prioridade em suas politicas públicas a construção de casas nem mesmo o saneamento básico. "Esse é um dos itens essenciais à saúde e o Ceará só tem 23% do seu território saneado. O resto vive sobre fossas", acrescentou. Camilo Santana (PT) foi o primeiro a rebater as críticas do pedetista e pediu "muito respeito, cuidado e honestidade" na hora em que um parlamentar fosse passar as informações. Ele, que foi responsável pela política habitacional do Ceará, na Secretaria de Cidades, salientou que "nunca na história do Ceará se investiu tanto na construção de moradias. Nós temos um débito em unidades habitacionais em Fortaleza. Já entregamos mais de 3 mil unidades no projeto Maranguapinho", destacou. Heitor Férrer discordou das falas de Santana e disse que não foi desonesto, pois citou os números apresentados pelo Portal da Transparência do Estado. "Vossa excelência quer negar o que está no Portal da Transparência com sua verborragia? Eu não estou questionando o número de moradias, mas estou falando do que estava previsto e o que foi aplicado. Se isso não vale nada, vamos fechar o Portal. Isso não é honesto? Vamos medir as palavras. Não trato aqui da desonestidade de ninguém", disse. Primário Mauro Filho (PSB) partiu em defesa do Governo e disse que Heitor Férrer "está cometendo um erro primário" na análise da execução orçamentária. E que iria desfazer tudo o que o oposicionista apresentou. "O deputado Heitor é médico e por isso não entende da execução orçamentária. É um erro primário. A assessoria dele não conhece que em todos os estados é assim, porque somente no segundo semestre a execução se eleva da metade para 100%", pontuou. Segundo o pessebista, "daqui pra frente não pode ficar só na retórica". O parlamentar fez reiteradas críticas ao pronunciamento do pedetista e ao trabalho de sua assessoria. "Eu não sei de que Ceará ele (Heitor) está falando ou o que a assessoria dele está fazendo chegar a ele. O nível desenvolvimento do Ceará eu nunca vi igual em outros estados do Brasil. Só o Ceará e outros três estados conseguem aumentar o custeio da máquina", afirmou, acrescentando que o Ceará é o único Estado do Nordeste que aplica 12 em saúde, sem maquiagem, excluindo os gastos com o pessoal inativo da área e com saneamento. "Qual a novidade em comprar helicópteros?", questionou Mauro Filho, afirmando que desde 1999 que há compra desses equipamentos, utilizando-se do mesmo financiamento de organismo alemão. "O Governo vai comprar mais. Esse gasto não é para rico não. O pobre é para ter melhor escola, melhor hospital e é assim que vai persistir até dezembro de 2014", discursou Mauro Filho. José Sarto (PSB), líder do Governo, disse que a oposição quer apenas passar informações erradas para a população. O deputado Heitor Férrer voltou ao assunto, já perto do fim da sessão, apresentando duas matérias publicadas pelo Diário do Nordeste, a primeira dando conta de reclamação do governador feita ao secretários sobre a não execução dos projetos como estavam previstos, e uma outra sobre o déficit habitacional do Estado em relação à moradia popular. Camilo Santana, por sua vez, destacou a contratação de construção de casas do projeto Mina Casa, Minha Vida no Ceará.