Você está aqui: Início Últimas Notícias Movimento Feminino pela Anistia no Ceará recebe Prêmio Frei Tito
Em 1976, há 43 anos, mulheres fundavam, no Ceará, o Movimento Feminino pela Anistia, tornando o estado o terceiro do País a ter um comitê de luta pela anistia dos perseguidos políticos pela ditadura militar. Na edição de 2019, o Prêmio Frei Tito da AL reconhece e homenageia a mobilização, força e contribuição das mulheres do Movimento à luta pelos direitos humanos no Ceará e no Brasil.
“Hoje temos a alegria e a responsabilidade de, em uma sociedade patriarcal, machista e misógina, homenagear mulheres que, em sua ousadia e coragem, lançaram-se às ruas, praças e à história para lutar por liberdade. Muitas vezes nossa sociedade apaga as mulheres que fizeram e fazem história no País, então também estamos aqui para fazer justiça”, destacou o deputado Renato Roseno (Psol), presidente da Comissão de Direitos Humanos da AL.
O deputado afirmou ainda que “enquanto alguns usam seus lugares de fala para homenagear torturadores, relembrarem a ditadura com saudade e ameaçarem a sociedade brasileira com autoritarismo, nós estamos para olhar o passado, firmar o presente e dizer que no futuro o Brasil será mais democrático, mais livre e mais justo”. Segundo ele, as homenageadas são inspirações e a democracia brasileira deve muito a elas. O Prêmio Frei Tito de 2019, comenda instituída em 2001, foi entregue a mais de 60 mulheres que fizeram parte do Movimento Feminino pela Anistia no Ceará, que receberam certificados e homenagens.
Nildes Alencar, em nome das homenageadas, ressaltou a força do Movimento Feminino pela Anistia que, corajosamente, enfrentou as leis arbitrárias, o regime autoritário que cerceou os direitos políticos, sociais, a liberdade de expressão, a imprensa, as universidades, escolas com censura, prisões arbitrárias, torturas, desaparecimentos e mortes.
Nildes, uma das fundadoras do Movimento, ressaltou que a luta as tornou “mais humanas, mais brasileiras, mais mulheres” e deixou um legado histórico de coragem, persistência e crença na união do povo em defesa da luta por uma anistia ampla, geral e irrestrita. Lendo poesia de sua autoria para o irmão e outros perseguidos políticos, Nildes afirmou ainda a importância de preservar e guardar a memória dos mortos e torná-los vivos.
Maria Luiza Fontenele, também participante do Movimento, comentou que o Ceará nunca mais foi o mesmo depois que as mulheres tomaram a frente da luta contra “o pior que havia naquele momento”. “Tivemos muita coragem, mas como não ter, se tínhamos dentro de nós a figura de um Frei Tito de Alencar?”, destacou. Segundo ela, as mulheres tiveram coragem de assumir papel importante naquele período, assim como de criar novos caminhos, indicando que o Movimento revolucionou corações e mentes.
O evento contou com apresentação do livro “Jogos da Memória - O movimento feminino pela anistia no Ceará (1976-1979)”, da jornalista e professora Ana Rita Fonteles. O Prêmio contou ainda com apresentações do grupo Choro Grande Banda, da Universidade Estadual do Ceará (UECE) e Talita Oliveira Ferreira.
Nesta segunda, a Comissão de Direitos Humanos da AL realizou ainda seminário com organizações, movimentos e colegiados com foco no mês em defesa dos direitos humanos, que terá atividades ao longo de dezembro, uma vez que o dia 10 de dezembro é o Dia Internacional dos Direitos Humanos.
Participaram ainda da solenidade, Mônica Barroso, defensora pública do Estado, representando a Defensoria Pública Geral do Estado; Hugo Porto, promotor de justiça do Ministério Público do Estado do Ceará e Cristiane Faustino, presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos.
Também estiveram presentes na solenidade Ana Virgínia Porto, presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-CE; João Milton, presidente do INESP; Larissa Gaspar, presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara de Vereadores de Fortaleza e Inácio Arruda, secretário da Ciência, Tecnologia e Educação Superior do Ceará.
SA/LF