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Coluna Macário Batista - QR Code Friendly
Quarta, 21 Agosto 2013 07:48

Coluna Macário Batista

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  Pobre sofre• Em Sobral, fomos criados não propriamente com pompa e circunstância. Fomos bem criados. Sempre tivemos uma cidade além de seu tempo, seja na educação, na cultura, na saúde, no vestuário, na elegância, por fim, chegamos mesmo a rivalizar com a Capital em bens como, por exemplo, valores à cama e mesa dos séculos 18 pro século 19. O Porto do Ceará, o que recebia a moda europeia, era Camocim. Pras coisas chegarem a Fortaleza tinham que passar por Sobral graças à Estrada de Ferro Sobral-Camocim, depois Rede de Viação Cearense. Então, nascemos e crescemos falando francês, um piano em cada casa, sedas e rendas portuguesas e francesas, modelitos recém-lançados na Europa. Sempre tivemos mesa farta, vinho de castas nobres, uisquinho jamais batizado, embora por vias meio marotas, mas não por culpa nossa, apenas consumíamos. Ainda hoje só, em Sobral, tem um doce árabe chamado fartes, que é um encantamento. Os pastéis da Tia Regina, as queijadas da Zaira, os alfinins da Semíramis, os perus do Tiburcinho são quitutes que enfeitam ainda hoje as mesas mais exigentes do povo mais exigente do Brasil. Aí, um povo pobre, que nunca viu nada igual, vai pro meio-fio reclamar que Cid Gomes, governador nascido em Sobral, estudante aluno do Padre Osvaldo e da Iracema Pompeu, não podia contratar, por um tempo de século-seculorum, buffets para receber autoridades e pessoas acostumadas àquilo que normalmente se serve em Sobral. Caviar? Salmão? Que besteira é essa de dizer que isso não é coisa pra cearense servir? Outro dia, no restaurante principal da CNN, em Atlanta, na Geórgia, pedi no almoço um prato à base de salmão. Sabe quanto custava um prato à base de tilápia “do Brazil”? Era US$ 3,00 dólares mais caro que o salmão. Um simples ceviche, comidinha que o deputado Heitor Férrer disse que nunca viu, é um prato nobre à base de peixe cru, muito saboroso para uma entrada decente, uma espécie de overture d’apetit. Ótimo e de extremo bom gosto. E vai pela aí, que não pretendo falar dos perfumes franceses, champanhes e vinhos das casas de Rotshild e Romanées Conti que são comuns hoje porque aprendemos ontem que a vida é boa quando se pode usufruir do fruto do nosso trabalho seja particular ou em defesa dos interesses do povo. Ser pobre não obriga ninguém a andar roto nem passar fome. Isso de reclamar de um cardápio a ser servido por garçons é coisa de pobre. Pobre pobre demarré marré marré, de ci, sabe de onde vem? Sabe nada! Do bairro do Marais, em Paris, antigamente zona pobre, baixa, da Cidade Luz. O Fernando Hugo acaba tendo razão: quem gosta de miséria é intelectual, ou zangado sem(?) causa.
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