A frustração causada pela fala do deputado Eudes Xavier eliminou a possibilidade de uma comissão de inquérito O deputado federal Eudes Xavier (PT), na última sexta-feira na Assembleia Legislativa, frustrou alguns deputados, inclusive ligados à oposição ao Governo e sepultou de vez a ideia de criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar as denúncias de violação de sigilo virtual de políticos cearenses, apresentadas por Eudes na Câmara Federal, citando o governador Cid Gomes e secretários estaduais como responsáveis por tais violações. A deputada Fernanda Pessoa (PR), responsável pelo requerimento de CPI desde quando o governador foi à Assembleia contestar as denúncias de Eudes Xavier, diz que ainda hoje tentará colher as assinaturas necessárias à instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito, embora até agora só tenha conseguido as assinaturas dela própria, da deputada Eliane Novais (PSB), do deputado Heitor Férrer (PDT) e do deputado Antônio Carlos (PT). O deputado Eudes Xavier, apoiado em dispositivo da Constituição Federal, nada adiantou além do que havia dito no plenário da Câmara dos Deputados ao apresentar cópias de emails que ele próprio diz não saber se são ou não verdadeiros, motivando a que a maioria dos deputados, todos ligados ao Governo, não poupassem críticas ao seu comportamento. As denúncias, porém, estão sendo investigadas pela Polícia Civil, no Ceará, por provocação do governador Cid Gomes e pela Polícia Federal, segundo pedido de Cid ao Ministro da Justiça. Desta, não há informações sobre o curso das investigações, mas em relação à Polícia Civil, autorizada pela Justiça, já conseguiu detectar os invasores do computador do governador e os depoimentos da pessoa contratada para a prática do crime já denunciou quem o contratou e como se davam os encontros a cada violação feita. Convencido Para a deputada Fernanda Pessoa, "com a blindagem" do Governo do Estado quem perde é a população, pois não existe uma fiscalização dos atos do Poder Executivo. "Eu acho que teremos que ir ao Ministério Público porque não dá para investigar o Governo sem o apoio dos deputados", afirmou a parlamentar, lembrando ainda que não irá desistir da CPI. Segundo ela, alguns deputados chegaram a dizer que logo após os esclarecimentos de Eudes Xavier, dependendo do que ele iria trazer de novidade, iriam assinar o pedido de investigação. No entanto, como nada acrescentou ele em seu pronunciamento, alguns deputados já se colocaram contrários às investigações feitas pela Assembleia do caso. O deputado Roberto Mesquita (PV) disse que não assinaria a proposta porque ficou convencido de que o governado Cid Gomes, em suas explicações em abril passado estava falando a verdade. "Quando ele colocou o seu mandato para a população dizendo que renunciaria eu senti sinceridade em todas as suas palavras e creio que a verdade está com o governador. As motivações que levam a deputada a insistir com isso eu não tenho como saber, mas o Eudes tentou armar um barraco para si. Saiu do que a gente queria saber. Ele se armou da Constituição e pouco acrescentou", disparou. Já a deputada Rachel Marques (PT) afirmou que para ser consolidada a CPI precisaria de um fato determinante, o que segundo ela, neste caso não existe qualquer prova que leve à instalação de uma CPI realizado pelo Parlamento. "O que era para ser feito sobre, especificamente, essas denúncias já está sendo feito pela Polícia Federal, a quem cabe esse tipo de investigação", afirmou a líder do Partido dos Trabalhadores na Assembleia. Favores Rachel Marques foi citada por Eudes Xavier na última sexta-feira, que chegou a insinuar que a parlamentar estaria apoiando Cid Gomes em troca de favores políticos, como a indicação de seu esposo, o deputado federal Ilário Marques para a Câmara dos Deputados. Ela não revidou às provocações de seu correligionário, mas ao Diário do Nordeste disse que não se sentiu motivada a fazer qualquer indagação ao petista, pois conforme disse, "ele desqualificou sua fala e desqualificou também a política". "Na realidade ele se limitou a falar de sua trajetória e esse não era o foco dos requerimentos. A postura dele não foi respeitável, inclusive tratando os deputados com ironia. Por conta disso eu não me motivei para falar", apontou a petista. Neto Nunes (PMDB) afirmou que a bancada peemedebista não é favorável a esta proposta de CPI e que ninguém deverá assiná-la. Segundo ele, mesmo com a imunidade parlamentar assegurada, o deputado não pode ficar "jogando denúncias" sem ter necessidade e sem a devida veracidade do que está sendo levado a público. "O segmento da política já não tem crédito com a população e esse comportamento diminui mais ainda a confiança na gente. Os opositores querem criar fatos para permanecerem vivos na política", afirmou o parlamentar, salientando ainda que a deputada Fernanda Pessoa "quer desvirtuar a discussão ou levantar um projeto de oposição".