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Propostas derrotadas repercutem no Ceará - QR Code Friendly
Quinta, 28 Mai 2015 04:37

Propostas derrotadas repercutem no Ceará

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Renato Roseno criticou o financiamento empresarial de campanhas, avaliando que as doações são 'investimentos' privados no setor público Renato Roseno criticou o financiamento empresarial de campanhas, avaliando que as doações são 'investimentos' privados no setor público FOTO: JOSÉ LEOMAR
  Deputados estaduais cearenses e vereadores da Capital lamentaram ontem o resultado do primeiro dia de votação de propostas da reforma política na Câmara dos Deputados. O deputado Renato Roseno (PSOL) criticou as propostas apresentadas na Casa, dentre elas o "distritão" (sistema em que os candidatos mais votados são eleitos, sem o critério do quociente partidário). O deputado ainda reclamou do financiamento empresarial de campanhas eleitorais, que pela proposta rejeitada ontem seria garantido na Constituição Federal, com teto estabelecido (hoje já existe limite). Segundo ele, o distritão prejudicaria partidos ideológicos e as doações de empresas constitucionalizariam a interferência do poder econômico no sistema político e eleitoral. Na Câmara Municipal, o vereador Fábio Braga (PTN) disse que "a Câmara Federal sepultou parte da reforma política. Embora o atual não seja o melhor, não tem sistema melhor com esse número de partidos políticos que satisfaça todas as correntes de pensamento do País", alegou. Destacando o alto valor das campanhas eleitorais no País, o deputado Renato Roseno apontou que recursos utilizados para a disputa do Governo no Estado são comparáveis aos custos de pleitos presidenciais de países da América do Sul. "Há um levantamento que nos informa que as dez empresas que mais doaram para a campanha de deputados federais influenciaram a eleição de 360 eleitos. Para aprovar uma mudança na Constituição, são necessários 308", detalhou. Na visão do socialista, o atual sistema político brasileiro não gera partidos, mas organizações que buscam atender a interesses individuais. Segundo Roseno, a reforma desejada pela população é a que reduz a corrupção, o favoritismo, os interesses privados e o predomínio do grande capital na esfera política. Coalizão Visando atender a interesses da população, o parlamentar destacou que a coalizão pela reforma política já entregou mais de 600 mil assinaturas ao Congresso que ainda não foram analisadas. "Não houve qualquer movimentação no sentido de ouvir esse apelo. Temos que continuar pressionando para que o Congresso não faça ouvidos moucos a esta movimentação", ressaltou. Conforme explicou, a proposta defendida pelo levante popular sugere o modelo de financiamento eleitoral que arrecada doações de cidadãos e proíbe doações de empresas. "Empresa não doa, empresa investe", salientou. Em relação à eleição de parlamentares, a proposta de iniciativa popular sugere a adoção de novo modelo, em que a população votaria no partido no primeiro turno da eleição e, no segundo, no candidato desejado. Roseno defendeu que, para se cobrar ideologia dos partidos, é necessário que os dirigentes sejam exemplo. Ele lembrou que, há cerca de duas semanas, o PSOL expulsou de seus quadros o deputado federal Cabo Daciolo, do Rio de Janeiro. "Só tínhamos cinco deputados federais, agora temos quatro. A executiva, por decisão quase unânime, tomou a decisão em razão da incompatibilidade a respeito do nosso entendimento de que o Estado deva ser laico", explicou o parlamentar. O deputado Welington Landim (PROS) afirmou se sentir "envergonhado" e "decepcionado" pela forma como a reforma política está sendo conduzida na Câmara dos Deputados. Ele criticou a postura tomada pelo presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB/RJ), em desconsiderar o trabalho da comissão que discutia a reforma e em levar a proposta diretamente ao plenário. "O presidente forma uma comissão, que passa seis meses discutindo, gastando dinheiro público com diversas viagens para ouvir os estados e, em meia hora, rasga tudo o que foi feito", criticou. Landim apontou que o povo não está preocupado com a maneira como os parlamentares são eleitos, mas com a seriedade do parlamento e das eleições. "Estão pensando que a reforma é para dar o basta na corrupção. E não se vê", declara. Culpa O parlamentar admitiu que a culpa é dos próprios parlamentares. "A culpa é nossa, porque nós é que fazemos as leis, nós é que temos a obrigação de seguir a Constituição, nós é que temos que dar o exemplo. Se não houver (mudanças significativas para a reforma política), as pessoas vão dizer que 'tudo é ladrão, tudo é vagabundo' e representantes comprometidos pagam o preço. As palavras convencem momentaneamente, mas o exemplo é que é definitivo", reforçou. Gony Arruda (PSD) endossou a postura do colega, mas ponderou que o que preocupa a população é a corrupção e a impunidade. "O sistema brasileiro, atualmente, é imperfeito. Mas é o melhor que pudemos ter, dado que somos república presidencialista. O problema é garantirmos que quem cometeu delito vai ser punido", argumentou.
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