A discussão sobre os efeitos da estiagem prolongada retornou ao debate na Assembleia Legislativa, ontem, com o alerta feito pelo deputado Fernando Hugo (SD) a respeito da redução da quadra invernosa do Estado como efeito do fenômeno El Niño. Destacando manchete do Diário do Nordeste de ontem, tratando da previsão de inclusão de 150 municípios em estado de emergência até o segundo semestre, ele cobrou maior movimentação da bancada federal para tratar do assunto com a União. Hugo afirmou estar insatisfeito com a postura dos deputados federais e senadores cearenses, apontando que a bancada está apática quanto à situação de emergência enfrentada pela população do Interior. "É indispensável que nossa bancada federal no Senado e na Câmara dos Deputados deem as mãos e, juntos, possam servir ao povo cearense mostrando suas forças", cobrou. O deputado ressaltou que o Governo Federal reconheceu, na segunda-feira, situação de emergência em 67 municípios cearenses devido à seca. "É trágico, não fosse irônico", apontou, destacando ser a própria União responsável para agir em calamidades e desastres naturais. "O Governo reconhece aquilo que é fácil reconhecer e não toma providencias cabíveis", criticou. Promessas não cumpridas Ele ainda lembrou promessas não cumpridas pelo Governo Federal, como a construção de todas as adutoras, poços profundos e açudes prometidos pela presidente Dilma Rousseff. "Agora, estamos vendo que nenhuma medida efetiva foi adotada", lamentou, citando que, apesar do apoio do Nordeste ao Governo, a região não tem recebido contrapartidas em investimentos. O parlamentar alertou que a falta de água começa a atingir a Região Metropolitana de Fortaleza, com o uso de carros pipa em Aquiraz e Eusébio. Na avaliação do deputado, a situação pode ficar crítica no Interior, porque vai faltar "até de onde tirar água". "Daqui a pouco, vamos ter que tirar a água do mar, como está acontecendo na Califórnia", apontou, defendendo o uso dos recursos do Fundo Estadual de Combate à Pobreza (Fecop) para contornar a situação. Corroborando o pronunciamento do colega, João Jaime (DEM) afirmou que "quase tudo" que a presidente Dilma prometeu não foi concretizado. "A presidente lançou um pacote de R$ 800 milhões, onde estava incluído a construção do açude Fronteiras, em Crateús, que poderia estar ajudando se tivesse sido feito. Mas não tem nem projeto", criticou. "Dos R$ 200 milhões para adutoras, veio menos de 20", acrescentou. Já a deputada Rachel Marques (PT) reconheceu que a situação é grave e que o governador Camilo Santana (PT) tem dado prioridade máxima à questão. "Obras estruturantes importantes estão sendo realizadas, mas vamos precisar intensificar as ações em situações emergenciais", ponderou. Semiárido Manoel Duca (PROS), por sua vez, lembrou que tramita no Senado proposta para ampliar a quantidade de municípios cearenses na delimitação do semiárido, de autoria do senador José Pimentel (PT). "O projeto inclui mais 32 municípios no perímetro, passando para 182 no total", informou o parlamentar. Ele destacou que a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) "acertou em cheio" ao ter apresentado prognóstico de chuvas abaixo da média e insuficientes para recuperar os reservatórios. "No ano passado, tínhamos 14% a mais de água nos reservatórios do que hoje. A inclusão dos municípios no semiárido vai servir para que os projetos financiados possam ter um desdobramento em favor do produtor rural, com a redução dos juros", reforçou.