O senador Eunício Oliveira (PMDB) se reunirá, hoje, com a presidente Dilma Rousseff e o ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, para tratar da situação da saúde do Estado do Ceará. O peemedebista avalia que o quadro é grave e já admite a necessidade de intervenção do governo federal. A informação foi dada pelo próprio senador, durante entrevista ao jornal O Estado.
“Nesta segunda-feira, terei um almoço com o ministro Aloisio Mercadante, da Casa Civil, e a presidente Dilma, para tratar da questão da saúde do Ceará. Tenho preocupação com as pessoas e não com o Governo. Sendo assim, farei todos os esforços para ajudar os cearenses. Vou pedir à soluções, até mesmo que se faça uma intervenção na saúde, para que as pessoas não morram nos corredores dos hospitais”, disse, acrescentando que a população não pode mais sofrer nos corredores dos hospitais, onde, segundo ressalta, pessoas foram atendidas no chão, avaliando que essa situação já virou uma “vergonha nacional”. “Vou dar tudo de mim para ajudar a resolver esse problema”.
A saúde têm se apresentado como uma das áreas mais complicadas do governo Camilo Santana (PT) e que vem acumulando problemas. Há pelo menos dois meses, os hospitais do Ceará enfrentam superlotação acima da média. Ao longo dos últimos dias, a situação ficou mais evidente após a divulgação de imagens do socorro feito no chão dos corredores do Instituto Doutor José Frota (IJF) e a oficialização da exoneração do ex-secretário, Carlile Lavor. A situação foi repercutida na Assembleia Legislativa e na Câmara Municipal. Camilo reuniu diversos setores do Governo, inclusive deputados ligados à Comissão de Saúde da AL.
“Gargalo”
De acordo com o senador, o principal gargalo da saúde é a má gestão e não a falta de recursos. Ele informou que o Ceará recebeu 26% a mais de verbas do que nos anos anteriores. “Disseram que a saúde do Ceará tinha estrutura melhor que São Paulo. Ou era uma grande mentira que vendiam para iludir os eleitores cearenses, ou então, em 120 dias, o novo governador destruiu a saúde do Estado. Não é só a Saúde, nós temos problema na Educação, na Segurança Pública, e de Infraestrutura”, lamentou.
Eunício já havia atribuído a crise na Saúde à “má gestão”, inclusive apresentou um relatório de uma consulta feita ao Fundo Nacional de Saúde, no qual constam todos os repasses federais feitos pela União nestes primeiros meses de 2015. Segundo ele, os dados não registram nenhuma anormalidade referente ao envio de recursos federais, tanto para o Ceará e, especificamente, para Fortaleza. Eunício apontou que as transferências do Ministério da Saúde para o Fundo Estadual de Saúde do Ceará chegaram a R$ 440 milhões no ano passado e a R$ 145 milhões até o momento em 2015. Já para os Fundos Municipais de Saúde do Estado, foram transferidos mais de R$ 2,25 bilhões, no ano passado, e R$ 763 milhões até este mês de abril.
Ele também rebateu a fala do prefeito Roberto Cláudio (Pros), classificou de “oportunismo político” as críticas sobre o assunto, principalmente por parte dos Sindicatos dos Médicos. “Essa questão de dizer que a discussão está politizada, acho o contrário. O sindicato está prestando um serviço importante”, pontuou. RC e PMDB romperam politicamente em 2014, quando seus partidos apoiaram candidatos diferentes. De lá para cá, Eunício tem realizado oposição tanto no governo estadual e no municipal – mesmo tento como vice-prefeito Gaudêncio Lucena.