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Segunda, 26 Novembro 2012 05:07

Com a Saúde aparelhada, desafio é melhorar a gestão

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  Ações pontuais são fundamentais, mas, para especialistas, a solução passa por planejamento integrado O médico Anastácio Queiroz aponta que a melhoria nos postos de saúde deve vir acompanhada de um trabalho de educação da população FOTO: MARÍLIA CAMELO A falta de atendimento de qualidade nos postos de saúde e mesmo a quantidade reduzida de emergências, conforme especialistas na área, têm causado sérios problemas aos serviços públicos de saúde em Fortaleza. Foram vários os prefeitos que prometeram resolver a situação, porém, ao longo das gestões, pouco tem-se modificado o cenário na Capital. Ações pontuais são fundamentais para reduzir os problemas, mas a solução passa também pelo planejamento do sistema de forma integrada no Estado. Especialistas apontam ainda que o setor está aparelhado na cidade, e o desafio é melhorar a gestão. O prefeito eleito Roberto Cláudio propõe a construção de novos equipamentos e mais profissionais para reduzir os gargalos na Saúde. Especialistas concordam que é preciso priorizar a atenção básica e descentralizar o atendimento, mas alertam que não é fácil resolver o problema em curto prazo. Apesar disso, acreditam que é possível obter avanços significativos nos próximos quatro anos, desde que haja vontade política, planejamento e equipe capacitada. O caminho para melhorar a qualidade do serviço de saúde pública não começa nos hospitais, mas na atenção primária e secundária. O médico Bruno Souza Benevides, professor da Universidade Estadual do Ceará (Uece), acredita que a qualificação na gestão dos postos de saúde, por exemplo, já causaria efeito importante para a população. "A gente vê as unidades de saúde serem administradas por pessoas que não têm a qualificação e a experiência necessária. As unidades têm complexidade muito grande. Tem que fazer um rearranjo na administração das unidades de saúde, melhorar a qualificação desde o atendimento ao público", aponta. Entrave A indicação política para administração dos postos é um entrave, mas, conforme Bruno Souza Benevides, além da melhoria na gestão, é preciso executar ações simples, como atualizar a informatização dos postos. "A questão de marcação de exames e de consultas especializadas também fica muito deficiente por conta dessa questão administrativa", observa. Resolver as questões simples é fundamental para começar a enfrentar o problema na saúde pública, mas há questões mais complexas que precisam ser solucionadas. Para o médico Anastácio Queiroz, diretor do Hospital São José e ex-secretário de saúde, a falta de atendimento qualificado dos postos tem provocado lotação nos hospitais de urgência e emergência, que já são poucos na Capital. "Há déficit de leitos para doentes graves, e muitas patologias que se conhece bem o tratamento e a prevenção são responsáveis por muitos desses doentes. O atendimento no posto de saúde tem que ser eficiente para que a doença não evolua, e o paciente não precise de internamento. Se o problema está chegando na atenção terciária, é porque a primária e a secundária estão falhando", explica. Anastácio Queiroz aponta que a melhoria nos postos deve vir acompanhada de um trabalho de conscientização e educação da população. "A responsabilidade da saúde é do Estado, mas também do indivíduo. Tem que passar informações de como as pessoas podem se cuidar", diz. Os equipamentos precisam funcionar bem para que as pessoas procurem atendimento no local adequado. Diante disso, Roberto Cláudio prometeu como alternativas percorrer os postos de saúde para diagnosticar e resolver os problemas nessas unidades, além de propôr a construção de 19 Unidades de Pronto-Atendimento (UPAs), seis policlínicas e 28 novos postos. Na avaliação de Bruno Souza Benevides, a construção de novas UPAs é uma boa estratégia. "Desafoga os hospitais e as unidades de saúde. Nos postos, deviam ter também posto de coleta de exame porque a pessoa às vezes tem que se deslocar. Quanto mais descentralizar os serviços nos bairros, melhor", diz. Equipamentos Anastácio Queiroz lembra que foram construídas UPAs e também o Hospital Geral Dr. Waldemar Alcântara, mas a rede complementar de atendimento prestado por hospitais conveniados praticamente desapareceu. Por isso, ele vê que há um déficit de equipamentos em Fortaleza. Anastácio Queiroz avalia ainda que os hospitais funcionam bem, o problema está nas unidades de urgência e emergência. "Nos últimos anos, a população cresceu, e nós continuamos com as mesmas emergências", lamenta. Para ele, havendo decisão política e equipe qualificada, é possível avançar bastante em quatro anos. Mas não há como prever o tempo para as ações saírem do papel sem um diagnóstico. "É preciso tentar criar uma equipe qualificada no sentido de ter diagnóstico pleno e estabelecer medidas que possam se equalizar e maior integração do sistema estadual. Como Fortaleza recebe Interior, é fundamental que haja uma discussão com secretários de saúde de outros municípios", sugere. Bruno Souza Benevides acredita que os hospitais que vem sendo construídos no Interior pelo Governo do Estado tem provocado avanços na Capital. Para ele, Roberto Cláudio vai conseguir avançar na qualidade dos serviços de saúde porque encontrará a cidade com boa aparelhagem. "A gestão anterior falhou no gerenciamento, mas melhorou muito a aparelhagem", diz. BEATRIZ JUCÁREPÓRTER
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