O resultado obtido por Fortaleza no Sistema Permanente de Avaliação da Educação Básica (Spaece-Alfa) 2011, divulgado na segunda-feira, pela Secretaria Estadual da Educação (Seduc) repercutiu na sessão de ontem da Assembleia Legislativa e da Câmara Municipal, onde alguns parlamentares criticaram o fato da Capital cearense ter ficado no 183º lugar dentre os 184 municípios cearenses analisados, apesar de ter melhorado sua avaliação.Para o deputado Heitor Férrer (PDT), a situação educacional da Capital é preocupante. Ele lembra que, anos atrás, famílias do interior do Estado migravam para Fortaleza em busca de melhor educação aos filhos. Hoje, lamentavelmente, a cidade cearense não é mais referência. O deputado reconheceu avanços, no entanto, atribuiu o empenho ao governador Cid Gomes. Ele aproveitou também para criticar os índices elevados de casos de dengue, que, segundo dados do Ministério da Saúde, Fortaleza é a primeira do Nordeste e segunda do País em notificação da doença. Na avaliação do deputado Fernando Hugo (PSDB), o resultado do Spaece-Alfa aponta uma situação “séria” na Educação, ressaltando que os dados apresentam a “missa de sétimo dia da gestão [da prefeita] Luizianne Lins”. O deputado Roberto Mesquita (PV) também ressaltou que, décadas atrás, embora sem recursos, o nível de ensino de Fortaleza era considerado o melhor do Estado. Agora, apesar das verbas federais, os resultados são cada vez piores. De acordo com ele, até o candidato da prefeita à Prefeitura de Fortaleza, Elmano Freitas, já entendeu que é preciso modificar a forma de gestão adotada pelo Município. RESPONSABILIDADEEDUCACIONALNa Câmara Municipal, o tema foi levantado pelo vice-líder da oposição, vereador Ciro Albuquerque (PTC). Para o parlamentar, a administração municipal está fazendo uma aplicação inadequada dos recursos públicos. Caso semelhante, acontece na saúde, segundo ele. Isso porque, de acordo com o vereador, de cada 10 pacientes atendidos nas unidades hospitalares, oitos estão com dengue, e a Secretaria Municipal de Saúde camufla os dados. “Sonho da prefeita acabou. Ela precisa fazer uma autoavaliação do seu governo. Não adianta mais falar de governos anteriores”, salientou.O vereador Salmito Filho (PSB) concordou com o colega, ressaltando a iniciativa de se criar uma Lei de Responsabilidade Educacional que, além do caráter fiscalizatório, tem o objetivo de desenvolver políticas públicas de educação, cobrando diagnóstico e metas com relação à qualidade no ensino. Já João Alfredo (PSOL), além de salientar os elevados índices de dengue, aproveitou para criticar as políticas de educação municipal. “Não houve uma profissionalização. Manteve-se o mesmo sistema do governo anterior com a indicação de diretores [de escola]. Isso é o contrário de uma gestão moderna. Está na hora da Prefeitura vir a público e se explicar. Chegou-se ao oitavo ano e Fortaleza nesta área [Educação] só vem descendo a ladeira”, disse. O líder da prefeita, vereador Ronivaldo Maia (PT) rebateu as críticas. Segundo ele, ao contrário do que diz a oposição, a pesquisa aponta que a Prefeitura tem melhorado. Entretanto, pela complexidade, algumas coisas ainda precisam ser enfrentadas, não sendo possível fazer comparações “simplistas” com municípios menores. Ronivaldo ressaltou que, mesmo com a queda de classificação, a Capital ainda conseguiu se manter no nível considerado “suficiente” pelo Spaece-Alfa. Para o deputado Antônio Carlos (PT), líder do Governo, os parlamentares da oposição, motivados pelas eleições municipais de outubro próximo, estão tentando “desqualificar” o projeto do PT em Fortaleza. (Caroline Avendaño e Laura Raquel, da Redação).