Até agora, as lideranças dos principais partidos pouco têm falado em propostas ou planos de governo para a Capital
Faltando menos de cinco meses para as eleições municipais, os principais partidos que disputarão a Prefeitura de Fortaleza ainda não tem planos de governo para Capital. Os dirigentes partidários argumentam que os programas ainda estão em fase de elaboração e que ainda não seria o momento para divulgá-los. Até agora pouco tem se falado em propostas para Fortaleza.
Desde o ano passado, o debate tem se limitado sobretudo à escolha de candidatos e das alianças partidárias que comporão as chapas majoritárias. Assuntos que tem estimulado disputas internas nos partidos mas que não atende os anseios da população. De modo que os planos de cada partido deverão ser apresentados apenas durante os dois meses de campanha eleitoral no Rádio e TV, que terá início em agosto.
Entretanto, entre lideranças partidárias e pré-candidatos, já há o consenso de que hoje o problema mais grave de Fortaleza refere-se à Saúde pública primária. Em particular, quanto ao atendimento nos postos de saúde. Pelo menos é o que dizem dirigentes de PSDB, PSB, PCdoB e PDT, baseados em consultas à população. Somente o presidente do PT em Fortaleza, partido que está à frente da gestão municipal há sete anos, Raimundo Ângelo, tem opinião diferente.
Ele diz que tem ouvido muita reclamação sobre segurança pública, área que é atribuição do governo estadual. "O maior sentimento na população é o de abandono da saúde. Ou prioriza a saúde básica ou vai continuar sempre com os hospitais superlotados", diz o ex-deputado estadual Marcos Cals, presidente estadual do PSDB e pré-candidato do partido para sucessão da prefeita Luizianne Lins (PT).
Rejeição
"O povo tá com ânsia de mudança. Não aguenta mais a administração. Tanto que não nos surpreendeu a pesquisa PSB que apontou rejeição à atual administração". Marcos Cals tem, juntamente com a juventude do PSDB, promovido o Acelera 45, evento realizado às quintas-feiras em diferentes bairros da Capital para ouvir a população e divulgar o partido. Até agora, 25 bairros já foram visitados.
Segundo Marcos Cals, 75% do seu programa de governo já foi concluído. Ele, no entanto, diz que os técnicos responsáveis pela elaboração do plano lhe pediram para não adiantar o que já está pronto. A divulgação, diz Cals, será feita em julho após a escolha do candidato. "Estamos só nas reflexões. A inovação será o programa".
O presidente do PSB em Fortaleza, Karlo Kardozo, diz que pesquisas feitas pelo seu partido apontam que 50% das queixas da população referem-se à Saúde pública. "Principalmente na questão das urgências", ele diz. "Os postos de saúde estão praticamente abandonados. E isso tem afetado as emergências dos hospitais".
O PSB, partido do governador Cid Gomes, também vem realizando eventos em bairros de Fortaleza, o Atitude 40, nos quais apresenta quadros do partido, em particular o presidente da Assembleia, deputado Roberto Cláudio, já pensando em um eventual rompimento da aliança com o PT. Kardozo diz que o partido já tem algumas diretrizes prontas do plano de governo, mas que sua elaboração continuará durante a campanha.
Na visão do deputado Heitor Férrer, pré-candidato do PDT à Prefeitura, "há frustração da população em todas as áreas". Férrer acredita que criou-se uma expectativa muito grande em relação ao alinhamento político nas gestões municipal, estadual e federal, que supostamente traria vários benefícios para a cidade, o que, na sua opinião, não se concretizou.
Exequível
"Nós queremos um plano de governo pé no chão, exequível". Outra área deficiente na opinião do deputado é a educação primária. Segundo ele, seu plano de governo deverá ser anunciado antes do fim do prazo das convenções, em 30 de junho.
O próximo gestor de Fortaleza será o prefeito da Copa 2014, então outra preocupação dos partidos tem sido a mobilidade urbana e a infraestrutura da cidade. O presidente do diretório estadual do PCdoB, Carlos Augusto Diógenes, concorda que a Saúde é prioridade no plano de governo do seu partido, que tem como pré-candidato o senador Inácio Arruda.
No entanto, Diógenes ressalta a importância de pensar a infraestrutura de Fortaleza para os próximos dez anos. No mesmo sentido, Férrer admite que o problema de mobilidade é difícil de ser resolvido em uma gestão.
Gargalos
"Fortaleza precisa apressar o passo. Temos que melhorar as frotas de ônibus e abrir novas avenidas. Há gargalos enormes quanto à mobilidade urbana. Ninguém pode mais andar mais de carro em Fortaleza. E isso afeta o trabalhador", diz Diógenes. "No PCdoB já estamos discutindo isso desde 2004". Segundo ele, essas propostas deverão ser apresentadas até o início de agosto.
No PT municipal, Raimundo Ângelo diz que as discussões sobre o planejamento da próxima gestão está apenas iniciando. Ele diz que o partido irá ouvir todos os segmentos da cidade para elaborar as propostas. Mas preferiu não citar áreas nas quais a atual gestão falhou. "Tem questões referentes à atual administração que vão ter continuidade com aperfeiçoamento", ele diz ao citar a política de transporte público para manter o preço da passagem de ônibus.
Ângelo diz que o programa de governo da legenda será discutido com os partidos que se aliarem ao PT, e que só então deverá ser divulgado.