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Terça, 24 Março 2015 06:14

Coluna Política

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  CID PODE VIABILIZAR O QUE CIRO TENTOUAssunto principal do O POVO de domingo, o futuro político do ex-ministro Cid Gomes (Pros) é determinante para o próprio futuro político do Ceará, embora não pare por aí. O ex-governador perdeu a vitrine nacional, mas a forma como se deu sua queda o colocou, ao menos por enquanto, como um dos protagonistas do espinhoso jogo de poder em Brasília. Se conseguirá se manter como personagem na arena federal, dependerá um pouco do que ele quiser e muito do que será capaz de fazer e mais ainda das circunstâncias pela frente. Afinal, não basta querer: o destino de Cid estará condicionado à conjuntura e à estratégia que vier a adotar. Por isso, as perspectivas para o principal líder político do Ceará hoje são repletas de interrogações, conforme o jornalista Wagner Mendes mostrou no domingo. No Estado, Cid certamente manterá a força e influência – seu grupo controla o governo, a Prefeitura da Capital e de outras cidades estratégicas e a maioria absoluta da Assembleia Legislativa. Mas as repercussões do cenário nacional podem determinar se todo esse poder se manterá estável ainda por alguns anos ou se corre o risco de começar a minguar. Cid, afinal, foi eleito em uma aliança que replicava no Ceará a base de apoio federal do governo Lula. Já houve uma fissura nesse alicerce em Brasília com o rompimento local com o PMDB. Novo abalo na sustentação nacional pode comprometer até o projeto local, no médio a longo prazo. Por outro lado, a forma como Cid sai do governo pode viabilizar para ele o espaço político, ou pelo menos o discurso, que Ciro Gomes tentou construir, mas não conseguiu. O irmão mais velho do ex-ministro da Educação concorreu a presidente duas vezes e tentou outras tantas se apresentando como “terceira via” entre PT e PSDB. Na última tentativa, em 2010, ficou pouco convincente diante da aliança que o grupo mantinha com o governo Lula. Agora, o modo como se deu a exoneração do ex-governador cearense não ocorre sem trauma na relação com o Palácio do Planalto. A desvinculação, o corte, foi evidente e visível para o Brasil inteiro. E motivado por um dos aspectos que Ciro mais criticou: a relação insidiosa entre PT e PMDB. Quando Ciro falava disso anos atrás, o discurso era menos convincente, uma vez que seu irmão tinha petistas e peemedebistas como aliados no Estado. E ainda mais quando a família pedia votos para eleger Eunício Oliveira (PMDB) senador. Sem as mesmas amarras, agora o discurso se encaixa com mais coerência. Sobretudo em Cid, mas o irmão mais famoso pode tirar proveito. Ciro Gomes sempre aparece como possibilidade para o Palácio do Planalto e, ainda que remotamente, Cid já havia sido cogitado como opção para vir a se tornar candidato a presidente em 2018. Isso diante da visibilidade que teria como ministro da Educação. Essa porta se fechou, mas teve como compensação a visibilidade obtida ao desancar um presidente da Câmara dos Deputados investigado por envolvimento com corrupção na Petrobras. Mas, se o horizonte para os Ferreira Gomes for do tamanho de uma nova candidatura a presidente, será preciso muito mais. Falta ainda a Cid e Ciro o que já faltava antes: um partido. Pelo Pros, falta peso político, tempo de televisão, perspectiva de apoio. E credibilidade. Além disso, sem o ministério, Cid precisará de algo que o projete nacionalmente. Ainda é pouco conhecido Brasil afora, desvantagem que mantém em relação ao irmão. Por enquanto, o que ambos têm é um discurso. É pouco, mas até isso faltava para encarar o projeto nacional.
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