Você está aqui: Início Últimas Notícias Centenário de Dragão do Mar e abolição dos escravos são celebrados na AL
A mesa que dirigiu os trabalhos foi presidida por Lula Morais e Rachel Marques e composta pelo procurador de Justiça João Cortez; pelo vice-reitor da Universidade Lusófona Afro-Brasileira (Unilab), Fernando Afonso Ferreira Júnior; pelo presidente do Conselho Nacional de Praticagem (Conapra), Ricardo Falcão; pela professora e pesquisadora Lusirene Ferreira; pelo coordenador da Igualdade Social de Fortaleza, Cristiano Pereira, e pelo babalorixá Ivanir dos Santos.
Lula Morais lembrou que a história da luta abolicionista no Ceará iniciou em 1879, com a participação do movimento dos jangadeiros, liderados por Chico da Matilde, o Dragão do Mar. Eles, segundo Lula, negaram-se a continuar o transporte, para os navios negreiros, dos escravos vendidos para o Sul do País. “No dia 25 de março de 1884, o Ceará tornou-se a primeira província a abolir a escravidão. Foi a luta do povo, de Cândido Maia, Bezerra de Menezes, Maria Tomásia, Dragão do Mar e de tantos outros cearenses”, frisou o deputado.
Conforme observado por Lula, o Ceará ficou conhecido como Terra da Luz por conta da abolição pioneira. “O escritor francês Vitor Hugo também saudou o acontecimento, e, no Rio de Janeiro, mais de 10 mil pessoas estavam mobilizadas para enaltecer o fato”, disse.
Rachel Marques disse que a data é importante não só para destacar o fato histórico, mas também para lembrar a realidade que ainda se vive no que diz respeito à desigualdade social. “Estamos assistindo o extermínio de nossa juventude negra”.
Ela destacou casos recentes, como a morte da trabalhadora negra Cláudia Silva, que teve seu corpo arrastado pelas ruas do Rio de Janeiro, e as manifestações de racismo nos campos de futebol. “Nós precisamos nos mobilizar para evitar o extermínio desses jovens negros, que compõem as estatísticas de assassinatos”, frisou.
O deputado federal João Ananias (PCdoB-CE) disse que houve sessão semelhante na Câmara Federal. Na ocasião, “saudamos o nosso querido Chico da Matilde e Abdias Nascimento, ex-senador da República e autor de lei que assegura direitos das populações negras”, informou.
Foram homenageados o Conapra, a Fundação Cultural Palmares, o Instituto Dragão do Mar e a Unilab, além de representantes de manifestações da cultura negra, do maracatu e da capoeira. Foi também lançado o livro "Nas Asas da Imprensa", da pesquisadora e escritora cearense Lusirene Ferreira. A obra trata da repercussão, nos periódicos da corte imperial, da abolição no Ceará.
JS/LF