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Quarta, 22 Julho 2015 04:04

Crise é politica, moral e inédita, afirma Paim

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  Em passagem por Fortaleza, o senador Paulo Paim (PT­RS) revelou nunca ter visto, mesmo depois de estar há quase 30 anos no Congresso Nacional, uma crise política, moral e institucional com a proporção da enfrentada atualmente. Ele defendeu que o governo Dilma Rousseff conseguirá superar esse momento somente quando a presidente se dispor a dialogar mais. O parlamentar, na condição de presidente da Comissão de Direitos Humanos do Senado, participou ontem, ao lado do senador cearense José Pimentel (PT), de um debate na Assembleia Legislativa realizado para criticar o projeto que permite a terceirização para a atividade­fim. A matéria já aprovada na Câmara ainda aguarda a apreciação no Senado Federal. Paulo Paim reconheceu o grande impacto que a crise política tem provocado ao pontuar a forma como ele mesmo tem atuado em relação a alguns projetos do Executivo. "É inegável que nós estamos vivendo uma crise. Não dá para dourar a pílula. (É uma crise) institucional, moral, econômica e social. Tanto é que eu mesmo tenho votado contra alguns projetos e tenho, digamos pela rebeldia natural e coerência da história, exigindo que haja mudança na política econômica do Governo." O senador gaúcho detalhou que o cenário vivenciado é inédito e, ao se referir à postura do presidente da Câmara Eduardo Cunha, disse nunca ter presenciado um momento tão delicado na convivência entre os poderes. "É algo inédito. Eu estou lá no Congresso há quase 30 anos e nunca vi uma postura dessa do presidente da Casa se posicionar como oposição ao outro poder, quando nós temos que viver na independência dos poderes, mas na harmonia da construção daquilo que é melhor para o País. É um momento delicado", ressaltou o parlamentar. Paulo Paim chegou até a avaliar que o atual cenário representa ameaças à democracia. "Eu espero que isso passe e a gente volte à normalidade, porque estão brincando com algo muito sério, que é a democracia brasileira. Com democracia, não se brinca. Lá atrás houve uma vacilação e nós sabemos muito bem o que aconteceu", comparou. Questionado como o governo Dilma Rousseff pode conseguir superar essa crise, Paulo Paim defendeu que a presidente precisa estar mais disposta para o diálogo e menos enclausurada no Palácio do Planalto. "A presidenta tem que sair mais para conversar. Eu queria ver a presidenta num ato como esse aqui, conversando com os trabalhadores, com os sindicalistas, conversando com os empresários, conversando com os parlamentares. Não adianta sair para o Exterior ou ficar dentro do Palácio. Tem que vir para a rua, dialogar com a população", destacou o senador. O parlamentar ainda defendeu que a mudança de postura também deve partir do PT. O senador destacou que a agremiação, se não voltar às origens, não terá condições de superar a crise enfrentada atualmente. "Eu acho que o PT tem que voltar às suas origens, às suas raízes e há condição de se fazer isso. Defender os sonhos que nós sempre brigamos, os ideais que nós sempre brigamos, as causas que guiam nossas vidas. O que guia as nossas vidas não é o processo eleitoral. O que tem que guiar são as causas que nós sempre brigamos, defendemos", avaliou o senador. Paulo Paim é hoje uma das lideranças petistas que rejeitam a condução da política econômica executada pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy. O senador voltou ontem a fazer críticas. Combate "Nós temos que fazer o bom combate, o bom debate. E esse bom debate é que pode aprimorar a política econômica, preservando o direito dos trabalhadores, do assalariado, dos aposentados, daqueles que mais sofrem. Esse bom debate está contribuindo, tanto que as duas MPs que chegaram no Congresso Nacional chegaram de um jeito e saíram de um outro jeito", citou. O senador petista também rebateu a preocupação levantada de que o Senado possa vir a barrar a recondução de Rodrigo Janot ao cargo de procurador­geral da República. "Eu não acredito que chegue a esse extremo." Indagado sobre como ele acredita que os senadores se comportarão nas votações dos projetos da reforma política, Paulo Paim disse observar um cenário com muita preocupação. "A reforma política tem que acontecer, mas não da forma que estão propondo. Eu estou muito preocupado. O maior problema para mim hoje é o financiamento privado de campanha. Isso é a porta da corrupção. Se analisar todas as denúncias que estão chegando aí, vocês vão ver que a desculpa era dinheiro para esse partido, para aquele partido. Era dinheiro para as campanhas. Mistura o privado com o público. Quem dá milhões e milhões para alguém, não dá de graça", apontou. Quanto à análise da crise, o senador cearense José Pimentel (PT) corroborou com o correligionário e também fez críticas a Eduardo Cunha. Ele defendeu a luta social para superar momento. "O primeiro registro é que o atual presidente da Câmara, Eduardo Cunha, foi o coordenador da campanha do senador Aécio Neves no Rio de Janeiro." José Pimentel concordou com Paulo Paim e foi ainda mais incisivo na análise sobre a votação da reforma política no Senado. Para o petista, a Casa também não irá interferir no que choca com os interesses dos senadores. "A Câmara só aprova temas que dizem respeito ao Executivo e ao Senado. E o Senado só aprova propostas que dizem respeito à Câmara e ao Executivo. Portanto, é uma equação que não tem solução", justificou. Alan Barros
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