Até aqueles que se dizem defensores de determinadas categorias têm um bairro que comandam Representante do povo, o vereador tem função de fiscalizar os atos do Poder Executivo, principalmente na aplicação do orçamento. Mas é também responsável por sugerir leis e votar proposições apresentadas pela prefeitura. Em geral, o vereador é ainda mediador entre a população e o poder público. No entanto, muitos vereadores da Capital assumiram status de verdadeiros senhores feudais, dividindo os 118 bairros da cidade entre si. O Diário do Nordeste entrevistou os próprios parlamentares para saber quais bairros e categorias eles representam. Mas até aqueles que se dizem defensores de determinada categoria têm um bairro que comandam, como é o caso, por exemplo, do vereador Plácido Filho (PDT), que, além de representar, como afirma, os servidores da saúde, tem atuação no Serviluz. A maioria dos vereadores, porém, está ligada aos bairros, conforme admitiu parte dos entrevistados pelo Diário do Nordeste. O caso mais emblemático é o de Messejana, onde pelo menos sete parlamentares disputam, através de recapeamento de ruas e prestação de serviços, o voto de 44 mil habitantes: Paulo Gomes (PMDB), Marcílio Gomes (PSL), Leonelzinho Alencar (PTdoB), Luciram Girão (PSL), Francisco Alves (PRTB), Toinha Rocha (PSOL) e até o presidente da Casa, Acrísio Sena. Na semana passada, a demarcação de território culminou com denúncias de irregularidades no recebimento do benefício Bolsa Família pela esposa do vereador Leonelzinho Alencar (PTdoB), além de repasses indevidos para instituição de familiares do parlamentar. Por fim, na madrugada de quinta-feira, a autoescola da vereadora Toinha Rocha, que também atua na Messejana, sofreu atentado a balas após ela repercutir as referidas denúncias na Câmara. Bom Jardim Há bairros em que vereadores comandam praticamente sozinhos. No Vila Velha, por exemplo, o vereador Walter Cavalcante (PMDB) tem significativa densidade eleitoral. O Grande Bom Jardim, pela sua abrangência, tem pelo menos três vereadores disputando votos: José do Carmo (PSL), Antônio Henrique (PTN) e Valdeck Vasconcelos (PTB), este último tendo maior atuação na Granja Portugal. No 0Itaperi, o comando fica a cargo de Irmão Léo (PHS) e, no Jardim América, de Eron Moreira (PV). Já José Freire (PTN) tem atuação no Parque Santa Maria. Os vereadores disseram que nessas regiões existem disputas, mas que essas não se comparam ao que acontece em Messejana. Eliana Gomes (PCdoB) tem maior representatividade no bairro Ellery e adjacências, como Monte Castelo e Álvaro Weyne, que também é disputado por Carlinhos Sidou, sendo este votado no Presidente Kennedy. O vereador dificilmente é visto na Câmara e nunca fez um pronunciamento na tribuna da Casa. Discussões Questionado sobre sua ausência durante as discussões, tem o discurso na ponta da língua: "sou vereador de bairro e tenho atuação mais forte nas comunidades". No Carlito Pamplona e Moura Brasil, a demarcação é feita por Carlos Mesquita (PMDB). Já no Pirambu é tradicional a demarcação da família Moreira. Além de Agostinho Moreira, no passado, agora é sua filha Leda Moreira quem representa a casta naquele bairro, com o irmão, Augustinho Moreira, na Assembleia. Lá ainda tem espaço para João Batista (PRTB) e Alípio Rodrigues (PTN). Para o cientista político Josênio Parente, o vereador de bairro é caracterizado por transformar pequenos benefícios que faz para a comunidade em votos. Segundo ele, enquanto houver pobreza, esse tipo de político está garantido porque a população sente a necessidade de políticas públicas que não chegam sem articulação. Conforme o cientista político Clésio Arruda, o problema está na forma de conseguir voto desses parlamentares, que muitas vezes utilizam os serviços que prestam para a sociedade, como moeda de troca para permanecerem na Câmara. Conforme Josênio Parente, o vereador de bairro é caracterizado por transformar pequenos benefícios que faz em votos