O presidente trabalha, mas não acerta
No dia 17 de maio, o presidente Jair Bolsonaro, em mais uma de suas atitudes infelizes, sancionou lei que prorroga o prazo de validade para as Comissões Provisórias que dirigem os partidos políticos. Com isso, a esmagadora maioria dos 35 partidos em atividade permanece nas mãos de caciques via de regras, negocistas. Se o TSE tivesse antecipado a publicação de levantamento a respeito do assunto, talvez Bolsonaro tivesse pensado duas vezes. A verdade é que, de acordo com o TSE, 75% dos Diretórios são provisórios, predominantemente na esfera municipal. Desse modo, as eleições municipais de 2022 serão, mais uma vez, dominadas por políticos carreiristas cujo objetivo maior continuará sendo o de sempre, ou seja, os seus próprios interesses e dos que participam de suas “panelas”. Se nada mudar, continuaremos assistindo os mesmos espetáculos deprimentes das eleições com o mesmo escambo de favores em troca de votos, ou vice-versa. É triste, mas é verdade.
Quando topou aceitar uma pasta crucial para o relacionamento entre o Poder Executivo Estadual e os municípios, seus prefeitos e suas lideranças, o deputado José Albuquerque tinha consciência do desafio, mas nunca pensou que estava entrando para a lista preferencial dos candidatos à sucessão estadual. Por seu gabinete desfilam diariamente representantes de todos os municípios, devidamente acompanhados dos seus respectivos deputados, em busca da liberação urgente de projetos
O Super Zé. A Secretaria das Cidades é o primeiro degrau da escada que leva ao Abolição, tal a sua importância no trânsito de favores do poder. Ao seu ocupante caberá dar as cartas na hora do jogo sucessório influenciando pessoalmente a escolha do candidato. É o cargo de maior confiança do sistema com a tarefa de plantar hoje o candidato à sucessão do amanhã.
Nem sim nem não. Enquanto Camilo Santana acha cedo para falar em sucessão de Fortaleza, o prefeito Roberto Cláudio, e o presidente da Câmara Municipal, Antônio Henrique, dão visibilidade total ao deputado José Sarto.
O presidente da Assembleia Legislativa administra esse processo em silêncio sem confirmar nem desmentir.
Advertência. Tasso Jereissati (PSDB), faz séria advertência: é preciso usar de mais seriedade e menos paixão com as gravações e os diálogos atribuídos ao ministro Moro e procuradores da Lava Jato. Não é admissível tratar como verdades absolutas textos que podem ter sido alterados.
Municípios. Tem razão o deputado Júlio César (CIDADANIA), ao cobrar medidas relacionadas a questão da criação, organização, ou mesmo extinção de distritos. Enquanto muitos já deveriam ter sido elevados a município, outros são perfeitamente extinguíveis.
Diferenças. Deputados da oposição comentavam a diferença de tratamento com os oposicionistas naquela Casa e na Câmara Municipal de Fortaleza. Enquanto vereadores oposicionistas têm propostas e emendas aprovadas, no Palácio Adauto Bezerra, a bancada governista desconhece o trabalho de quem não apoia o Palácio da Abolição.
Beto: corrupção não diminuiu. Na visão do empresário Beto Studart, presidente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará, o país vive uma situação das mais graves com as velhas práticas da política que não diminuem. O que mais agrava essa situação, segundo ele, é o esvaziamento das discussões para combater a corrupção no Congresso Nacional.
“O que mais pode engrandecer um parlamento e motivar um parlamentar é o nível dos debates em Plenário. À falta disso, muitos desistem do legislativo”. Ex-deputado Antônio dos Santos.