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Segunda, 02 Julho 2012 06:31

O que fará a diferença?

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  O eleitor pode até não estar satisfeito com os candidatos, mas não pode se queixar da variedade disponível para escolher o próximo prefeito de Fortaleza. Entre os 10 nomes, gradações diversas da esquerda à centro-direita. Com diferentes virtudes e pontos fracos. Desde a redemocratização, a Capital já teve eleição decidida pela força da aliança, como em 2008. Mas, mas também pelo vigor da oposição e pela falta de vínculos com os governantes de plantão, como em 1985 e 2004. Se o primeiro fator for determinante neste ano, o favoritismo será dos candidatos apoiados pelas máquinas. Roberto Cláudio (PSB), com suporte estadual, e Elmano de Freitas (PT), com aval municipal e federal, conseguiram, os maiores arcos de apoio. Com franca vantagem, no quesito coligação, para o candidato do governador Cid Gomes (PSB). Além das duas frentes, apenas PDT, com o PPS, e o Psol, com o pequeno PCB, conseguiram fechar aliança. Os demais vão com chapas puras - inclusive os líderes na pesquisa Ibope. Elmano larga em vantagem se o fator para desequilibrar a eleição for o respaldo da Prefeitura - o que ocorreu em 1992, 1996 e 2000. Além disso, pesa a seu favor os apoios do ex-presidente Lula e da presidente Dilma Rousseff. Roberto Cláudio tenta se aproveitar do apoio do Governo do Estado, como ocorreu na época em que Ciro Gomes foi eleito, em 1988. Ambos também devem travar disputas de obras do Estado e do Município - tantas vezes travadas entre Tasso Jereissati e Juraci Magalhães nos anos 90, sempre com vantagem do ex-prefeito. Por outro lado, o eleitor também já escolheu a fazer a opção pela veia contestadora. Nesse caso, Heitor Férrer (PDT) e Renato Roseno (Psol) podem se favorecer. Mas também Marcos Cals (PSDB) procura abocanhar seu naco nessa disputa. O PSDB, tantas vezes rejeitado por representar esse poder quase supremo no âmbito estadual, agora se apresenta como oposição a todas as administrações. Mas, se ao invés de tudo isso, prevalecer mesmo a força pessoal do candidato, os favoritos passam a ser Inácio Arruda e Moroni Torgan (DEM). Não é fator que costume decidir sozinho uma eleição. Mas, com o discurso certo e aproveitando as oportunidades que surgem, pode ser grande passo para o 2º turno. Também já velhos conhecidos do eleitor da Capital, Heitor e Roseno também correm por fora nesse quesito. André Ramos (PPL), Gonzaga (PSTU) e Valdeci Cunha (PRTB) são azarões. Caso um deles consiga entrar na briga, será surpresa até para os padrões da sempre surpreendente Fortaleza. Como ENTENDA A NOTÍCIA Cada eleição tem sua história. Umas decididas pela capacidade de agregar, outras pelo discurso de oposição. Além do perfil sintonizado com o desejo do eleitor no momento, a comunicação correta é decisiva no resultado. SERVIÇO Começo da campanha eleitoral para as prefeiturasQuando: 6 de julho, sexta-feira O POVO online Confira as últimas notícias sobre as eleições em Fortaleza, no Interior e também pelo Brasil, participe e dê sua opinião no canal Política, do portal O POVO Onlinewww.opovo.com.br/politica Inácio Arruda (PCdoB)É conhecido da maior parte do eleitorado e aposta no vínculo com camadas populares. Larga bem e tem o desafio de se manter. Moroni Torgan (DEM)Como Inácio, seu trunfo é o fato de ser conhecido. Tem eleitorado cativo, mas precisa conquistar outros setores. Heitor Férrer (PDT)Símbolo da oposição ao governo Cid, tem o discurso da ética e da crítica como trunfo para atrair o eleitor progressista. Marcos Cals (PSDB)Larga bem, com o recall de quem teve 20% dos votos para governador. Apostará no discurso da oposição e o apoio de Tasso. Renato Roseno (Psol)Disputa com Heitor Férrer o voto do eleitor progressista. Com discurso ideológico, vai mirar o eleitorado arrependido do PT. Elmano de Freitas (PT)Seu trunfo são os apoiadores: Lula, Dilma Rousseff e, claro, o apoio da prefeita Luizianne Lins, Roberto Cláudio (PSB)Tem como pontos fortes a maior aliança eleitoral - maior tempo na TV, portanto - e o apoio do governador Cid Gomes. André Ramos (PPL)O Partido Pátria Livre estreia em campanha praticamente sem chance. A eleição servirá para apresentar o partido. Gonzaga (PSTU)O eleitor pode esperar dele o discurso mais radical de esquerda, voltado aos trabalhadores. Praticamente sem chance. Valdeci Cunha (PRTB)Último partido a definir ter candidato. Outra campanha que servirá para apresentação perante o eleitor. O que decidiu as eleições em Fortaleza 1985A eleição mais surpreendente da história de Fortaleza foi decidida pelo discurso de oposição, quando o moderado PMDB começava a ser poder. Foi também definida pelo carisma de uma candidata cuja campanha foi revolucionária no uso do novo momento da comunicação política. Fez a diferença frente ao perfil mais sisudo dos adversários Paes de Andrade (PMDB) e Lúcio Alcântara (PFL). Fator também crucial foi o fato de não haver segundo turno - não havia necessidade, portanto, de ter mais de 50% dos votos válidos. 1988“Fortaleza sim, Cambeba não” era o mote da classe média que repudiava o modelo do governador Tasso Jereissati, então no segundo ano do primeiro mandato. O PT estava desacreditado depois da crise da gestão Maria Luiza - que acabou expulsa. Então, foi Edson Silva (então no PDT) o candidato que simbolizou esse sentimento. Mas, nessa eleição, o fator crucial - pela última vez - foi o apoio do Governo do Estado. Em vitória apertadíssima, Ciro Gomes, pelo PMDB, foi eleito pelo apoio, sim, do Cambeba. 1992Essa eleição abriu o ciclo no qual o apoio do prefeito de plantão passou a decidir as eleições. A esquerda chegava fragilizada como nunca. Tasso tentava repetir o fenômeno Ciro e lançava Assis Machado (PSDB). Mas falou mais alto o apoio de Juraci Magalhães. Desconhecido ao assumir a Prefeitura, em 1992, instituiu estilo tocador de obras, com características marcadamente populistas na comunicação popular. Além disso, agradou setores do funcionalismo ao se aproveitar da pressão inflacionária e conceder 14º salário aos professores. Conseguiu ainda capitalizar o sentimento anti-Cambeba que fracassara quatro anos antes. Assim, elegeu o até então desconhecido Antônio Cambraia (PMDB). 1996Juraci foi novamente candidato, com o apoio de seu apadrinhado quatro anos antes, Cambraia. O carisma populista e o apoio de uma gestão que permanecia bem avaliada, somado ao carisma populista, tornaram a vitória a mais fácil da história recente. 2000Na primeira campanha com possibilidade de reeleição, ficou nítido o desgaste de Juraci. A boa avaliação não mais existia e os problemas de saúde afetaram a desenvoltura na comunicação com o público. A disputa foi dificílima e só no segundo turno - o primeiro da história da Capital. Pesou o apoio da máquina. Mas, aí, também falou o receio sobre a capacidade administrativa da esquerda. Não por acaso, os adversários de Inácio Arruda (PCdoB) recorreram à memória de Maria Luiza. 2004Mais uma eleição surpreendente. Falou alto o carisma de Luizianne Lins (PT) e, paradoxalmente, foi favorecida pelo fato de ter sido boicotada pelo próprio partido. Se as eleições anteriores foram determinadas pelos apoio da máquina, nesse caso o enfrentamento com os vários governos foi decisivo. Além do desgaste dos favoritos. 2008A disputa foi decidida pelo apoio da administração municipal e, sobretudo, pela força das alianças. De forma inédita desde a redemocratização, as administrações dos três níveis - municipal, estadual e federal - apoiaram a mesma candidatura, reelegendo Luizianne.
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