A caravana de lideranças políticas cearenses que acompanhou a ida do ex-ministro da Educação Cid Gomes (PROS) à Câmara dos Deputados ficou incomodada com a postura tomada pela presidência da Casa durante a sessão. Para aliados do ex-ministro da Educação, o presidente Eduardo Cunha (PMDB-RJ) foi autoritário e não respeitou o Regimento Interno da Casa. Além do governador Camilo Santana (PT), do prefeito Roberto Cláudio (PROS) e do presidente da Assembleia Zezinho Albuquerque (PROS), diversos deputados estaduais, federais, secretários, prefeitos e vereadores cearenses acompanharam a sessão de perto. Enquanto alguns destacaram estar cumprindo agendas oficiais em Brasília, como o prefeito e o governador, outros admitiram terem se deslocado apenas para acompanhar o pronunciamento de Cid Gomes. O presidente da Câmara Municipal de Fortaleza, Salmito Filho (PROS), que afirmou ter ido à Brasília para estar presente à sessão, considerou uma "truculência" o esvaziamento das galerias da Casa que estavam sendo ocupadas por apoiadores do ex-ministro. Após a fala de Cid, Eduardo Cunha pediu para a Polícia Legislativa retirar manifestantes das galerias. "Quando o presidente manda esvaziar a galeria, independentemente se eram cidadãos ou parlamentares, simplesmente porque estavam aplaudindo alguns momentos da fala do (ex-)ministro, é um gesto de total truculência, indo na contramão do Parlamento", lamentou Salmito. O deputado estadual Odilon Aguiar (PROS) também acompanhou a sessão do plenário da Casa. Ele afirmou ter cumprido uma agenda no Ministério da Pesca e aproveitou para acompanhar a sessão. O parlamentar classificou o esvaziamento das galerias como uma agressão. "Não houve nada que pudesse instar uma reação dessas, nenhum ato, nenhuma manifestação que estivesse prejudicando os trabalhos, mas somente apoio ao ex-ministro em respeito à sua trajetória. E não eram todos que estavam se manifestando, outros estavam simplesmente assistindo", apontou. Predisposição Para o deputado, a medida foi um dos indícios da existência de uma predisposição dos deputados federais para ensejar a demissão de Cid Gomes, partindo até para ofensas pessoais. Já o deputado Tin Gomes (PHS), vice-presidente da Assembleia, que disse ter ido à Brasília para se reunir com a executiva do partido, avaliou a atitude de Cunha como grosseira e o chamou de "ditadorzinho". "Ele é meio calado, mas é ditador até com os pares". O parlamentar afirmou que, quando Cid foi chamado de "palhaço" em pronunciamento do deputado Sergio Zveiter (PSD-RJ), o presidente deveria tê-lo interrompido e pedido para que a palavra fosse retirada dos anais da Casa. O parlamentar, que acompanhava a sessão do plenário, ponderou que, em nenhum momento, foram retirados do plenário da Casa o governador Camilo Santana, nem Roberto Cláudio, Zezinho ou o ex-secretário de Turismo Bismarck Maia. "Foram retirados quem estava nas galerias, que eram alguns deputados que não puderam ficar dentro do plenário. Eu por um momento saí, mas voltei depois", apontou Tin Gomes. Segundo o parlamentar, o ex-ministro estava tranquilo e queria mostrar que não teve a intenção de ofender a Casa, mas que havia quem vestisse a carapuça. "Ele conversou com a presidente antes de ir para o Congresso para mostrar que queria se desculpar, mas a coisa lá estava tão programada para dar o troco, que já estavam três interpelações judiciais prontas da Câmara", pontuou. "Não estavam aceitando as explicações que ele estava dando, já estava tudo montado", revelou.