Deu na pesquisa O POVO-Datafolha: após sete anos e sete meses à frente do governo do Ceará, a gestão de Cid Gomes é aprovada por 46% dos cearenses. Outros 34% a consideram regular e 15% reprovam sua gestão. Agora comparem com outro momento da História: após completar três anos e sete meses de Governo, Lúcio Alcântara (PSDB) é aprovado por 46% dos cearenses, é reprovado por apenas 13% e outros 37% o avaliam como regular.
As duas pesquisas do mesmo Datafolha foram feitas exatamente na semana anterior ao início do horário eleitoral. Ou seja, em circunstâncias com alguma semelhança, os dois governantes possuem avaliações idênticas.
No fim das contas, o bem avaliado Lúcio (a aprovação melhorou com a campanha), que disputava a reeleição, foi derrotado por Cid já no primeiro turno. A vitória do então oposicionista foi avassaladora: 62,38% contra 33,87%. Ou seja, uma parte do eleitorado do então governador que o tinha em boa conta não bancou sua reeleição.
Havia uma explicação para a derrota em tal circunstância: Lúcio quase havia perdido a eleição em 2002. Era como se representasse um passado político que destoava das circunstâncias que se impuseram no Brasil. Já Cid Gomes, encarnou a ideia de mudança. Uma mudança que já havia se instalado no país em 2002.
É bom lembrar que na disputa de 2006, Cid chegou à temporada do palanque eletrônico montado em 35% das intenções de voto contra 44% de Lúcio. Eram somente nove pontos percentuais de diferença. Duas semanas depois de iniciado o horário eleitoral daquela campanha, o Datafolha já detectava a virada: 50 a 37.
Uma virada muito rápida. É assim quando se instala na mente dos eleitores a necessidade de mudar.
E hoje? Dessa vez é o neo-opositor Eunício Oliveira quem larga frente. E com folga. Segundo o Datafolha, 47% de Eunício contra 19% de Camilo Santana (PT), o candidato de Cid Gomes. São 28 pontos percentuais de diferença. Três vezes mais do que o retrato verificado em 2006.
É bom ter prudência com comparações. Elas servem apenas como referências históricas para alimentar análises. Cada momento possui circunstâncias próprias, que não se reproduzem de forma semelhante. Mais cuidado ainda ao se comparar cenários de eleições estaduais com disputas municipais passadas. É coisa para animador de auditório.
É clássico em eleições: uma gestão razoável ou bem avaliada pelos eleitores costuma melhorar a popularidade durante as campanhas. O gráfico ótimo/bom sobe e os gráficos regular/ruim/péssimo descem. É usual, no que pese 2006, que a gestão transfira a popularidade para seu candidato em disputa.
Portanto, em circunstâncias normais de temperatura e pressão, as intenções de voto dedicadas a Camilo Santana devem subir. Na mesma proporção, não seria surpreendente se Eunício Oliveira já aparecer menor na próxima pesquisa Datafolha que será feita após duas semanas de horário eleitoral.
Caso assim não ocorra, será um péssimo sinal para o candidato governista. É fato que há outras variáveis cujo impacto na campanha é de difícil mensuração. A novidade Marina Silva influenciará na disputa cearense? Será que Eliane Novaes conseguirá pegar carona numa possível ascensão marinista no Ceará?
São respostas que só serão concedidas pelo desenvolvimento do processo eleitoral. Em tempo: apenas uma eleição para o Governo do Ceará precisou de dois turnos para definir a fatura.